Combustível do feijão com arroz

25 jul

Post bacana do blog da Juliana Cunha

Combustível do feijão com arroz

“Contraditoriamente, São Paulo é uma cidade cheia de carros e de pessoas que fariam de tudo para se livrar deles. Os pedestres fariam de tudo para reduzir o número de carros e, com isso, o caos no trânsito, o engarrafamento, os atropelamentos. Até os motoristas muitas vezes são motoristas por falta de opção. Ou, na opinião da estudante de história da USP, Talita Noguchi, por falta de hábito.

Há dois anos ela resolveu encostar o carro na casa da mãe e decidiu que a bicicleta seria seu meio de transporte. Desde então, diz que usou o carro apenas quatro vezes, que sua licença venceu e que não pretende renová-la.

Talita mora na Aclimação, faz estágio em Pinheiros e estuda no Butantã. Toda essa maratona diária é feita sob duas rodinhas e com o “combustível do feijão com arroz”. Sabe aquela nossa desculpa de que se morássemos perto do trabalho/escola iríamos a pé? Sabe aquela nossa desculpa de que se morássemos em Amsterdã iríamos de bicicleta? Pois é, ruiu.

Ela e suas amigas montaram um grupo de ciclistas mulheres chamado Pedalinas. O grupo existe desde maio de 2009 e foi criado para discutir entre meninas os percalços e delícias da vida de ciclista urbana. Elas discutem e trocam dicas tanto de segurança no trânsito e sobre a melhor forma de responder motoristas mau educados até que roupa usar (segundo Talita, qualquer uma) e como suar menos.

Talita começou suas andanças de bicicleta quando se sentiu dependente do carro. “Eu comecei a andar de bicicleta pois o trânsito de SP me deixava extenuada, e o transporte público não me parecia uma boa alternativa, acabei vendo pessoas que utilizavam a bike como meio de transporte e acabei vendo que era algo viável/possível. Sem dúvidas o motivo principal era não aguentar o trânsito, não aguentar a dependência que eu havia criado com o automóvel”, explica. O aumento da saúde e a perda de quinze quilos vieram de brinde.

Quando questionada sobre qual seria a maior dificuldade do ciclista urbano, Talita surpreendentemente não fala sobre o trânsito, a educação nem sobre o clima. Segundo ela, a dificuldade maior é interior. “A parte mais difícil é a superação pessoal que isso representa, não importa ser a cidade de São Paulo, mas sim ao fato de nós estarmos há muito tempo acostumados com a ideia de que a bicicleta não pertence às ruas, que as ruas são perigosas, que você só está protegido numa caixinha de aço puro, que a topografia da cidade de São Paulo não permite o deslocamento através do transporte ativo. A gente vai vendo aos poucos que não precisa ter tanto medo, que com um pouco de força de vontade você vai cavando seu espaço, retomando seu direito ao usar a rua”.”

7 Respostas to “Combustível do feijão com arroz”

  1. Camila 25/07/2010 às 8:46 PM #

    Parabéns Talita! Muito gostoso conhecer um pouco mais a sua história!
    Sempre que leio essas matérias tenho vontade de pegar minha bicicleta e sair pedalando por aí:)
    Ah, lindíssima a foto!
    bjs

  2. nelson 25/07/2010 às 11:25 PM #

    Parabéns Talita!

    Precisamos de mais Talita nas ruas de São Paulo, gostei muito quando você fala “a dificuldade maior é interior. “A parte mais difícil é a superação pessoal que isso representa, não importa ser a cidade de São Paulo, mas sim ao fato de nós estarmos há muito tempo acostumados com a ideia de que a bicicleta não pertence às ruas, que as ruas são perigosas, que você só está protegido numa caixinha de aço puro, que a topografia da cidade de São Paulo não permite o deslocamento através do transporte ativo. A gente vai vendo aos poucos que não precisa ter tanto medo, que com um pouco de força de vontade você vai cavando seu espaço, retomando seu direito ao usar a rua.”, porém, como ciclista, vejo que tem muitos motoristas maldosos e cretino que sentem prazer em “tirar umas finas” na gente…

    • Talita 26/07/2010 às 12:27 AM #

      Nelson, eu tb vejo esses motoristas. Mas eles não vão nos impedir, não são eles que vão tirar a gente da rua, tenho ctz disso. ^^

      • nelson 26/07/2010 às 9:37 AM #

        Talita,

        Concordo com você, não serão os motorista “felipe melo” que impedirão de as bikes rodarem e tornarem um meio de transporte limpo e saudável…precisamos mais de motorista “felipe massa” e menos “felipe melo”…rsrsrsrsrs

  3. Aline Cavalcante 26/07/2010 às 6:12 AM #

    quero ser igual a vc quando eu crescer

  4. Rayane Souza 26/07/2010 às 9:38 AM #

    Talita, lindo depoimento!

    Estou admirada com sua imensa força de vontade.
    Com ceretza vc é um exemplo para muitas outras “Talitas” que virão.

    Bjos!!

  5. Aline Cavalcante 26/07/2010 às 4:40 PM #

    da um autografo?

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