Há tempos, eu cultivava a ideia de pegar a minha bike e sair viajando por aí, mas, por “n” motivos, adiei a minha primeira cicloviagem por mais de um ano. Até que, umas semanas atrás, foi confirmado que se realizaria a 1ª cicloviagem organizada pelas Pedalinas, especialmente para iniciantes!
A princípio, vieram três pensamentos à minha mente:
1) Nossa, estou há mais de dois meses sem chegar perto da minha bike, e meus trajetos casa-trabalho dificilmente ultrapassam 15 Km. Será que vou aguentar?
2) Putz, a previsão do tempo diz que vai chover no sábado… Como faço?
3) Daaaane-se!!! Eu vou!!!
Logo, tive que tomar vergonha na cara e sair atrás de várias coisas para a minha bike. Revisão, instalação de para-lamas e bagageiro, compra de câmaras reserva (para o caso de furar o pneu) e procura de alforge ou caixote para levar a minha bagagem.
No final, resolvi essa parte de “carregamento” com um cestinho de arame emprestado da Carina, que prendi no bagageiro com enforca-gato (também conhecido como abraçadeira ou fita Hellermann) cedido pela @pedaline. Para segurar a mochila dentro do cesto, usei uma rede de elástico, com presilha estilo aranha.
Redinha pra prender por cima do cesto e não deixar tudo voar
A rede de elástico em ação, segurando as minhas tralhas. (foto: @pedaline)
Providenciadas essas coisas básicas, fiquei torcendo para que não precisasse de capa de chuva também e… TCHARAM! Na sexta-feira, o site de previsão do tempo se atualizou e antecipou só uma manhã nublada, em vez de chuva!!!
Com uma certa dose de milagre, consegui acordar cedo no sábado e fui à Praça d@ Ciclista me encontrar com as meninas que me acompanhariam na viagem.
Madrugando na Paulista. (foto: @pedaline)
Todas reunidas, saímos às 8 da manhã e fomos enfrentar uma das partes mais tensas do trajeto: a saída da cidade de São Paulo. Primeiro, subimos dois viadutos para atravessar as marginais Pinheiros e Tietê, trocamos de faixa para subir a alça de acesso à rodovia Castelo Branco, mega adrenalina para atravessar a pista e tals.
Passados esses momentos de tensão, o restante da viagem foi bem tranquilo, com apenas um furo de pneu entre as meninas. Contudo, esse pequeno contratempo logo foi resolvido com uma bomba de ar pra quebrar o galho e com um kit remendo (item essencial para se carregar a qualquer momento de bike) no primeiro posto onde já planejávamos parar.
Entre os Km 34 e 37, uma subidinha que exigiu um pouco mais de nós. Não era muito íngreme, mas não era precedida por uma descida que pudéssemos aproveitar para pegar mais embalo e facilitar a subida. Foi o primeiro desafio psicológico que enfrentei, contornado com marchas engatadas no modo mais leve e uma pedalada beeeem mais devagar. Sempre com as meninas acompanhando o ritmo ou parando para esperar quem ficava para trás.
Paramos no Km 53 e algumas de nós fomos comer um almoço de respeito. Uma dica que a Evelyn deu é que, apesar de ter dois restaurantes caros logo à vista da estrada, ao fundo de um posto para caminhões ao lado se encontra um restaurante de prato-feito a R$8,50. E muito bom. Para quem é vegetariana, é só conversar com @ atendente, que preparam porções à parte.
Km 53, metade do caminho!
Depois, a subida ao longo de 11 km. Nada muito íngreme também, e bem mais leve do que a do Km 34. E a recompensa foi a mega descida gostosa com direito a um trecho entre paredões de pedra. Atingindo 60 km/h de bike.
Ah, certo, não nego que rolou dores nos braços e costas, além de ter que ficar mudando a posição em que me sentava a toda hora. Nada muito sofrido, porque ainda consegui me levantar, andar e pedalar no dia seguinte, rs.
Pernoitamos na casa dos pais da Evelyn, atenciosos e muito simpáticos, e conhecemos a irmã mais nova dela. Nos enchemos de pizza, algumas até de cerveja (lógico), e no dia seguinte devoramos churrasco.
Passeio pela cidade e visita ao apiário? Pffff… No sábado a gente chegou só a fim de tomar banho, jantar e conversar. E capotar de sono. No fim, a gente ficou comendo e colocando a conversa em dia. Talvez uma próxima vez a gente pegue um feriado prolongado pra passear mais, hueheuheue.
No domingo, pegamos um trecho de ciclovia até a rodoviária, onde pegaríamos ônibus de volta a São Paulo, e foi lindo passar por ruas praticamente vazias.
Mais lindo ainda foi passar ao longo de um rio que não fedia…
Uma coisa que aprendi com essa viagem é que, por mais que haja o pensamento do sedentarismo assombrando a gente, devagar e sempre chegamos (um bocado) longe. Afinal, de bike, quem consegue pedalar 15 km já está no ponto para enfrentar 100.
Editado: pra quem não foi por causa da previsão do tempo, pode ficar com mais invejinha ainda porque não caiu nem uma gota de chuva no caminho. E também não teve sol torrando as costas.
Editado 2: calça jeans não assou nem machucou, mas confesso que uma hora algumas partes do meu corpo começaram a ficar dormentes e formigando, rs. É provável que o estrago não tenha sido maior graças ao fato de ninguém ter precisado correr muito.
E malz pelo tom “meu querido diário” do texto. A ideia é mesmo só contar empolgada uma primeira aventura. =)
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