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Vídeo

Série de vídeos sobre assédio nas ruas

6 maio

Aline Cavalcante, Drielle Alarcon e Verônica Mambrini participaram de uma série de vídeos com a Renata Falzoni, do www.bikeelegal.com, em que comentam sobre o assédio sofrido nas ruas pelas mulheres que andam de bike, principalmente. Quais são os obstáculos, como as abordagens agressivas e o preconceito sofrido.

 

no morro eu não morro

28 mar

Entre os questionamentos iniciais sobre usar a bike como meio de transporte, aparece muito aquele: ah, mas tem subida!

Vendo os exemplos de Bogotá e São Francisco, cidades com muitos ciclistas e com relevo nada monótono, parece que isso não seria um fator pra não pedalar… Seja como for, algumas pedalinas respondem o.

qual sua estratégia psico-astro-física

para lidar com as subidas no teu trajeto?

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“Dou a volta no morro”

“Essa é a rua de casa. Sinceramente, não pensava em pedalar por aqui (Vila Medeiros/ZN). Mas a vontade de andar de bike era tanta que me mudei para Pinheiros e descobri que o relevo de São Paulo é democrático.

Eu precisava pegar a Heitor Penteado para ir ao trabalho e aí encontrei a primeira dificuldade na subida (além da própria): semáforo. Eu entrava em pânico ao ter que parar, quase desequilibrando, e ter que pegar impulso enquanto o trânsito estava furioso atrás de mim. Mas, é tudo questão de jeito: ciclista conhece melhor o tempo dos semáforos que a própria CET. Com isso consegui me adaptar melhor, e sempre pedalar no meio da faixa para diminuir a chance de encontrar um entulho ou buraco no caminho.

Aí passei um mês em Londres, pedalando todo dia toda hora, e invejei como tudo é plano. Quando voltei, eu não conseguia subir a Angélica. Mas foi só na primeira semana. A resistência que as subidas proporcionam é inacreditável.

Ainda não expliquei como eu enfrento essa subida aí da foto. Pois bem, eu não passo por ela. Dou a volta no morro, transformando 1 km de ladeira em 3 km muito mais tranquilos”.

…….Renata Cardamoni

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“Se for preciso eu empurro mesmo”

“Bom, eu moro no alto, então para chegar em casa é subida. Na verdade, na Pompéia, é subida, descida, subida, descida, subida… Não interessa para onde eu vou, se é perto ou longe, na saída de casa já tenho uma.

Como eu não tenho um super preparo físico eu sempre tive medo delas, acho que ainda tenho, E o medo muitas vezes me faz fazer besteira: tento vencê-la rapidamente colocando toda a força e na metade do caminho estou sem fôlego e sem perna.

Tenho tentado enfrentar melhor isso: se for preciso eu empurro mesmo, saio da bicicleta, vou pra calçada e empurro. Já conversei com muito porteiro de prédio por conta disso, falando da própria subida em si ou da bicicleta no dia a dia.

Acho que preciso de umas aulas sobre trocar as marchas de forma correta.

Realização foi o dia em que subi a Pompéia de volta pra casa sem descer pra empurrar”.

…….Simone Miletic

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“Subindo a montanha, sem fazer manha”

“Aprendi a gostar de subidas e faço questão de encarar as que aparecem no caminho (é uma coisa de superação mesmo, mostrar pra mim mesma que posso, que consigo).

Vou trocando de marchas antes de encarar o paredão e jogo na catraca mais leve (mega range ajuda, obrigada), controlo a respiração, abaixo a cabeça e vou pedalando lentamente, perna por perna, sem pressa, giro por giro, sem ligar para quem sobe num ritmo mais forte e me ultrapassa, fixo o olhar no pneu dianteiro e vou devagar e sempre, no meu ritmo… Quando vejo, já venci a subida e o cansaço se torna algo delicioso pra mim.

Uma coisa que me motiva mto a encarar e gostar de subidas: Depois da subida, sempre tem uma delícia de descida, é a recompensa pelo meu esforço naquele momento!

É como se fosse uma maneira de mostrar pros problemas e obstáculos (no caso, a subida) que eu posso encará-los e seguir feliz (chegar no topo e ter uma bela descida me esperando).

Foto escalando os quase 10 km de pirambeira do Pico do Jaraguá”.

…….Mary Balmiza

ontem

3 mar

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Não conheci a Juliana. Mas quando chego à Praça d@ Ciclista, logo uma querida me abraça e chora tanto. Mostra: veja o poema que escreveram. Leio o poema e logo estou eu sem conseguir respirar direito. Aparece um daqueles amigos que te ensinaram tudo e dá um abraço sufocado, difícil. Reconheço alguns dos rostos – são companheiros das Pedalinas, do Bike Anjo, do Cru, do Pedal Verde, do Vá de Dyke, da Bicicletada da Zona Oeste, do Mão na Roda e tantos outros coletivos, projetos e ações, conhecidos de paradinhas em faróis, de acenos de bom dia, de respostas firmes “se vc vai descer pra Pinheiros, já formou: vamo junto”. Aparece uma que não tem bicicleta ainda e aprendeu a dar as primeiras pedaladas com as Pedalinas. Uma outra pedestre, bem alta, traz um imenso girassol, um sol à tira-colo. Saem para buscar flores, chegam flores. Há tantas outras pessoas desconhecidas, mas conhecidas ante o mesmo amor, a mesma pedra

: em fazer das ruas de São Paulo um lugar. Um lugar de escala humana.

Comentários sobre a agonia na demora de sabermos o nome da Juliana. Mulher, com 33 anos, ali naquele horário, são muitas. Alguns telefonaram para a própria Juliana, perguntando se não era ela. Nunca respondeu. A menção ao nome “Julie” rasga em abraços seus mais próximos. O calor denso da noite que se adentra, suor misturado a lágrimas dos homens, aos lamentos das mulheres.

Plantam uma árvore na Praça d@ Ciclista. Juliana era do Pedal Verde. E outra árvore. E aplaudem com estapidos duros, não é uma celebração, é uma memória que se planta.

Muitos fotógrafos e jornalistas. Entrevistam. “Quantas pessoas temos aqui?”, não para de gritar uma jornalista para desespero de um dos membros do BikeAnjo. Mais de mil. Na realidade, ali estavam esses mais-de-mil e os que estão sempre no pensamento: seus pais, seus amigos, seus colegas, ciclistas de toda grande São Paulo, ciclistas de todo o país. “É uma fatalidade”, diz outra jornalista emocionada, que recebe logo o comentário ríspido de quem está no asfalto sempre: “Fatalidade se fosse imprevisível. Neste caso é muito previsível: a CET não multa quem infringe a norma do Código de manter a distância de 1,5m do ciclista”. A rispidez logo se dissolve na fala embargada, complicado manter o discurso aprumado nessa hora. Um jornalista ainda me cochicha sentido, “acho que vou começar a pedalar”.

Troveja. E a mãe das tempestades se anuncia à Avenida Paulista. Cai o céu. As cores dos faróis são borradas, as guias desaparecem em corredeiras. Alguns manifestantes procuram abrigo embaixo do Cervantes, na lan house. A força da água não arreda. A chuva não vai passar. Assim, lentamente, sob rajadas de vento forte, os mais-de-mil iniciam a caminhada penosa da Praça d@ Ciclista até o cruzamento da Pamplona. Vão a pé, arrastando a bicicleta, vão montados e pedalando com pesar, vão em duplas pedestres sob os guarda-chuvas que nada seguram. Aos que assistem a manifestação, apinhada nos toldos, entregam flores, panfletos, palavras.

A força da chuva e do vento tira o que vai adentro dos caminhantes: um misto de raiva com grande tristeza. Um frio inacreditável e ali se caminha. “Mais amor, menos motor”. Alguém ainda lembrou, no dia em que a Márcia Prado faleceu, também chovia à noite. Tão perto uma da outra: a Márcia e agora a Juliana.

O local. Abraçam-se. Não há uma única peça de roupa, coração ou olhar seco ali no asfalto. Todos deitam na avenida durante incontáveis minutos. A bicicleta branca é trazida. Flores são partilhadas por tantas mãos e aplausos molhados pelas rajadas de vento. Há ainda muitos silêncios. Na entrada da Estação Trianon Masp, entregam-se panfletos aos espectadores. Ouço um, com a roupa completamente seca, comentando: “não sabia que tinha tanta mulher andando de bicicleta”.

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ATUALIZAÇÃO: alguns links

Homenagem à nossa Amiga Julie Dias – Pedal Verde de Luto

Cobertura fotográfica do protesto | Coletivo Fora do Eixo

Uma vida ceifada | as bicicletas

A ciclista morreu na contramão, atrapalhando o tráfego | Sakamoto

A morte da menina que plantava árvores em São Paulo | o ((o)) eco

O Mito da Super-Ciclista

11 dez

[Texto da nossa querida Esther Sá]

Já contei um monte aqui sobre como foi aprender a andar de bike depois de adulta. Desde maio, ganhei uma cidade nova. Aprendi a respirar melhor, a ter mais força psicológica e física, criei coragem e, me tornei, de certa forma, Super. Assim como as mulheres que eu admiro. Notei que dizer para as pessoas do dia a dia que “eu pedalo para vir pra cá”, costuma gerar respostas que dão desde “Que Coragem!” até “Eu até queria, mas sou sedentárix/não tenho habilidade”…

Bem, que habilidade uma pessoa com apenas seis meses de prática, e NENHUMA experiência prévia na magrela haveria de ter?

Queridxs, eu mal sei subir e descer de guias de calçada. Às vezes (e não é raro) me canso em algumas ladeiras. Não sei fazer nenhuma manobra. Não me arrisco muito em corredores. Também sou horrível com mapas, e me perco com bastante facilidade. Hoje mesmo tropecei loucamente subindo a Avenida Rebouças, e, aos risos, me reequilibrei
para largar no farol verde.

Mesmo assim, pedalo ida e volta, para todos os lugares que vou. Mesmo grandes avenidas – no caso de eu não conhecer uma rota alternativa mais adequada – não mais me intimidam. Como? Bom, eu basicamente, não tenho vergonha. Cansei? Desloco-me para a calçada, e empurro a bici até recuperar o fôlego.

Me senti insegura com algum obstáculo? Sem pressa. Desvio, ou desmonto e empurro, sem crise. Pra mim que não vivenciei a bike desde pequena, os movimentos não são tão naturais, e, se não me sinto confortável, sem o menor pudor, simplesmente não me forço. É assim que quase 20 km diários se tornaram um prazer, entre ladeiras sofridas que, dia sim, dia não, são até divertidas e banais.

Então, é óbvio, admiro imensamente minhas companheiras de pedal, com suas manobras, track-stands, sprints e pernas de aço. Espero chegar ao nível delas algum dia! Contudo, do alto de minha franguísse, garanto de peito cheio: você também pode.

Não há topografia, fluxo de tráfego, maquiagem que derreta ou vestido que amasse que valha a pena nos desestimular verdadeiramente. Pedale com alguém. Solicite um bike- anjo. Converse com as meninas daqui!

O que eu ganhei em qualidade de vida nestes seis meses, não se deve a nenhum ímpeto super-heróico. É uma decisão consciente, que faz bem para mim, para a cidade e para o meio ambiente. Isso independe da capacidade do pulmão ou da habilidade com o guidão. Pedalar, meu bem, a gente faz com o coração.

Como eu fiz a sacola da minha bicicleta dobrável

3 nov

Habilidade em costura: Para reproduzir esta sacola, você deve saber fazer costura reta e ziguezague numa máquina caseira. Máquina overloque é opcional. Deve também saber fazer barra com cordão.

Materiais:

  1. Tecido leve, resistente e impermeável. Eu aproveitei um tecido sintético que é usado como forro de alfaiataria e que estava sobrando no meu armário. Custa mais ou menos 3 reais o metro. Ele não é impermeável, mas não fica encharcado na chuva, como os tecidos de algodão.
  2. Cordão. Qualquer cordão serve, mas, novamente, os sintéticos não ficam pesados quando molham e escorregam melhor dentro do tecido.
  3. Linha.
  4. Fita métrica, trena ou régua grande.
  5. Tesoura.
  6. Máquina de costura. Eu usei a minha máquina caseira. Se você for uma costureira experiente que tem máquina de costura tipo overloque, parabéns! O seu tempo será otimizado. Se você quiser fazer à mão, fique à vontade, mas vai levar mais tempo e a costura ficará frágil.

1. Depois de medir a minha bici, cortei dois retângulos de tecido. Mas antes, medi a profundidade, dividi por dois e adicionei em cada lado, além de 1cm para costura, e 4 cm para a barra com cordão. Depois, dobrei o tecido e cortei os dois pedaços de uma vez só. Não se reprima. É melhor cortar pedaços grandes e depois ir ajustando, que cortar pequeno e ter de fazer tudo de novo depois.

2. Antes de começar a costurar, você pode alfinetar ou alinhavar os tecidos e vestir a bici. É nesse momento que você vai decidir se quer ajustar mais um pouco, e onde será a abertura. Como eu decidi que ia carregar a minha bici pelo selim, marquei na parte superior dos dois retângulos de tecido uma abertura que era suficiente para que ele passasse.
3. Você pode também, nesse momento, marcar com alfinete as sobras nos cantos superiores pra sua sacola não ficar quadradona! Eu arredondei só um pouquinho.
4. Eu sei que é super fácil dar voz à preguiça nesse momento, mas por favor não pulem esta etapa! É muito importante fazer o acabamento que vai impedir que o seu tecido fique soltando fiapos na máquina de lavar. Eu ajustei a minha máquina caseira no modo ziguezague (quem tem overloque, agora é a hora) e fui costurando a barra do tecido inteira, envolvendo-a com linha. Exemplo aqui.
5. E só depois disso, eu ajustei a minha máquina no modo reto, e uni as laterais e a parte superior. 6. Deixei uma abertura para o selim. Nesse momento, eu já queria chamar de sacola e pegar o metrô!
7. Mas eu fiquei pensando nos coitados dos funcionários do metrô, num dia chuvoso. Na roda lamacenta da minha bici sujando a minha calça e o vagão. Para evitar isso, algumas sacolas comerciais têm barra com cordão. 8. Foi simples, só dobrei o tecido na barra com um espaço a mais para passar um cordão, fiz uma costura reta, e em vez de unir, deixei um espaço de 4 cm. 9. Depois, passei o cordão com um clipe de papel. Se você nunca fez isso, aqui tem fotos de uma sacola com cordão.
A vantagem do cordão é que, ao puxa-lo, a sacola se fecha por dentro, revestindo a parte de baixo da bici. A desvantagem é que isso leva um tempinho extra, e o cordão pode ficar arrastando no chão. Eu ainda estou testando esse mecanismo. As sacolas da Dahon têm uma bolsinha para prender o cordão, que deve ser super fácil de fazer.
E essa é a sacola mais simples para bicicletas dobráveis. Também estou testando uma com alças de velcro. Se der certo, conto aqui pra vocês.

Ocupação de espaços públicos promove discussões sobre o rumo da nossa sociedade

18 out

Em maio a Espanha deu o ponta pé inicial e desde então a onda dos indignados não parou de crescer. Pessoas reprimidas do mundo inteiro decidiram levantar do sofá e ocupar as ruas e praças públicas com um pedido singelo por DE-MO-CRA-CI-A e transparência! Elas só querem dialogar, trocar experiências, construir à várias mãos cidades mais justas, uma política representativa, verdadeira, coerente.

Em São Paulo, milhares de pessoas se articularam, inclusive e não somente, no ambiente virtual, por meio do facebook etwitter e desde sábado, dia 15/10/2011, estão ocupando o Vale do Anhangabaú, enfrentando chuva, frio, ameaças, insegurança, sob a fuça da Prefeitura.

Foto: Aline Cavalcante

Nada mais simbólico, forte e sincero. Um local ermo, sombrio, ocupado por mendigos e excluídos sociais. Bem embaixo do prédio onde algumas poucas e selecionadas pessoas, em seus gabinetes fechados, tomam decisões que afetam diretamente a minha e a sua vida.

Nos juntamos aos fracos, para sentirmos que somos fortes, somos reais, somos cidadãos. Ocupamos sem atrapalhar a fluidez do deus-carro, então não há desculpas para retirar os manifestantes dali. É gente de todo tipo, jeito, raça, credo, orientação sexual. Índios se pintando e dançando maracatu contra a construção da usina de Belo Monte.

Por que políticas públicas feitas para 1% da sociedade não contemplam os outros 99%?! Será que só somos cidadãos a cada 4 anos quando vamos OBRIGADOS às urnas escolher quem NÃO irá nos representar???!

A ocupação tem um caráter bem simples: conversar com os outros! Entre conversas e devaneios, descobri, por exemplo, o estupro que a especulação imobiliária está fazendo com nossos espaços públicos. Percebi também como os políticos abrem as pernas para a indústria automobilística/petroleira por interesses obscuros. Quem paga o preço?

Nossas áreas verdes, rios e espaços coletivos estão virando pistas de carro, estacionamento, prédios luxuosos, shoppings. Famílias inteiras estão sendo isoladas e desabrigadas para dar lugar a obras ilusórias, eleitoreiras e super faturadas.

Isso não pode ser desenvolvimento. Isso não pode ser bom pra todo mundo.  Indigne-se você também!

As pessoas estão se juntando no mundo inteiro para trocar idéias, conversar, refletir, compartilhar experiências, angústias, desgostos, problemas e soluções.

A construção de algo coletivo PRECISA partir de algo também coletivo, não tem jeito, não tem fórmula secreta! E mesmo tendo certeza que não vai ser fácil, estamos conscientes de que é fundamental também sair do computador e fazer alguma coisa olho no olho.

Devemos ocupar, resistir, produzir decisões e encaminhamentos democráticos, onde acolaboração esmague a competição e a socialização destrua a capitalização. Participe você também! Se envolva! Tome de novo a cidade para você, ela é SUA, ela é NOSSA!

Vá até o Vale do Anhangabaú, participe do movimento mundial. Veja quais as necessidades dos acampados e ajude: http://15osp.org/necessidades/

Leia também: É hora de engrossar o discurso em duas rodas

Ciclistas estão se mobilizando para acampar na Praça d@ Ciclista (Av Paulista x Consolação), essa sexta-feira, dia 21/10!

Uma nota sobre o uso da bicicleta na cidade de Barcelona

22 set

Depois de um bom tempo enrolando pra escrever alguma coisinha sobre o assunto, resolvi mexer os dedos e finalmente fazer esse relato/análise. Confesso que o DMSC deu um belo empurrão, embora eu esteja acompanhando a movimentação em São Paulo somente pela internet e aqui não esteja acontecendo absolutamente NADA relacionado ao assunto (já explico o “aqui”).

Bom, pra quem não me conhece, sou uma pedalina que veio morar o próximo ano em Barcelona. Estou aqui há pouco mais de um mês e há 3 semanas estou utilizando o sistema viário urbano para me locomover de bicicleta por aqui.

Carol e Foca no Parc Güell

Queria falar sobre algumas semelhanças e diferenças com relação ao que estou acostumada aí em SP e também fazer umas críticas ao modo como a circulação de bicicletas é feita aqui.

Primeiro choque: uma grande diferença em relação a São Paulo

Uma das coisas que mais estranhei quando cheguei aqui, foi saber que bicicletas podem circular pelas calçadas, desde que obedecendo as seguintes regras:

• respeitar uma velocidade de até 10km/h;

• trafegar somente em calçadas com mais de 3 metros de largura;

• de preferência, ficar mais próximo a rua – para evitar atropelar/ser atropelado por alguém saindo de algum estabelecimento;

• caso não seja possível andar mais de 5m sem ter que parar por causa do excesso de pessoas, tem que descer e empurrar.

Claro que facilita MUITO a vida de quem está de bicicleta (principalmente a de quem ainda está meio perdido pela cidade e sempre vai parar em ruas aleatórias na contra-mão. larara..) mas, como qualquer povo latino – isso não é um preconceito nem uma crítica, mas uma constatação minha que pode ser discutida a qualquer momento – , poucas pessoas respeitam efetivamente todas as regulamentações anteriores.

Felizmente até agora, não vi, nem causei (ufa!) nenhum atropelamento porque, incrivelmente, as pessoas e as bicicletas dividindo mesmo o espaço acabam definindo um ritmo muito particular: passa um daqui, passa outro dali, todo mundo vai passando sem se sobrepor a (quase) ninguém. É legal também que acaba aproximando as pessoas da bicicleta pela convivência.

Por outro lado, acho importante manter o espaço do pedestre o mais livre possível de interferências. Como já disse, embora não tenha visto ainda nenhum atropelamento, bicicleta na calçada, às vezes, significa sim, um velhinho se assustando com alguma coisa passando muito rápido por ele, ou aquela confusão de quem passa por qual lado, quase colisões etc.

Carriles Bici e Ciclofaixas

Achei bem feito, de maneira geral o sistema de ciclofaixas e ciclovias, embora, mais uma vez, elas às vezes invadam o espaço dos pedestres. Em algumas grandes avenidas (como a Gran Via C.C. e Passeig de Gràcia, por exemplo) os carriles bici, como são chamados aqui, são desenhados por cima da calçada.

Normalmente, eles são no mesmo sentido da via, mas algumas vias tem ciclovias de mão dupla, o que às vezes causa uma certa confusão nas travessias de pedestres, porque tem gente que só olha pra um lado pra atravessar.

Não tem demarcação de tráfego de bicicleta em todas as vias, o que acaba tornando necessário ir pela rua, às vezes. Ainda não entendi direito se é melhor ir pelo lado direito – que muitas vezes é preferencial de ônibus e táxi – ou pelo esquerdo. Vou estudar a lei assim que encontrá-la!

Uma crítica que tenho a fazer é que, muitas vezes, as ciclovias/ciclofaixas acabam do nada, e não achei até agora uma sinalização muito específica sobre por onde ir depois disso (claro que, pra quem pedala em São Paulo, dá pra tirar de letra e pular a guia pra avenida e continuar, mas ainda morro de medo de ser parada pela polícia por estar fazendo alguma coisa muito errada – como ilustro mais pra frente… heheheh)

Semáforos

Assim como tem semáforos pra carros, tem também pra bicicletas, estejam elas no carril bici ou atravessando uma via junto dos pedestres. Pouquíssima gente aqui respeita os semáforos. Sério, me sinto meio estúpida por fica parada sozinha no farol e todo mundo me passando como se não houvesse nada ali (quem me conhece sabe que até em São Paulo eu procuro parar no farol, mas em SP, pelo menos, sempre tem alguma coisa pra fazer, como educar algum motorista, ver o movimento, bater papo com algum conhecido ou desconhecido que parou lá do lado etc).

E foi bem numa dessas que eu, atrasada pra aula e de saco cheio de parar farol atrás de farol, um carro de polícia me fez parar e os policiais me deram um sermão sobre isso (dei uma de joão-sem-braço e mostrei interesse em conhecer as leis daqui – ainda não entendi se o código de trânsito é nacional ou municipal). Pelo menos não levei multa, que aqui DIZEM ser comum e pesada – mas pela quantidade de gente que faz isso, acho que não é tão comum assim…

A bicicleta e o transporte público

Uma das coisas mais fantásticas é poder levar a bicicleta no transporte público (trens e metrô). No metrô existem alguns horários restritos mas, ao contrário do de São Paulo, que regulamenta os poucos horários onde se pode utilizar o metrô de bicicleta, aqui eles regulamentam os poucos horários onde não pode (acho que pode sempre, exceto horários de pico dos dias úteis).

Já no trem, a bici pode embarcar em QUALQUER HORÁRIO, qualquer linha, desde que ocupando o final do último vagão. E tem catraca exclusiva para passar com bicicleta, carrinhos de bebê, cadeira de rodas etc.

Usando o trem pra ir pra faculdade hoje de manhã

Bicing

O Bicing é o sistema de aluguel público de bicicletas. Ainda não sei direito, mas pelo que me informaram, só pode ser usado por residentes da cidade de Barcelona, que pagam uma taxa de 30 euros pelo ano inteiro e podem usar o sistema à vontade. As bicicletas tem câmbio interno de 3 marchas e achei as bicis bem razoáveis. Tem lugar pra colocar bolsa e é feita uma manutenção bem regular do sistema em geral. É bem bacana ver gente de tudo quanto é idade, tipo físico, renda e roupa usando – e bastante.

Trânsito

Aqui as pessoas usam a buzina pra qualquer coisa. Qualquer coisa. E não sei se é de fábrica, mas parece que elas são bem mais altas que aí!

Assim como em São Paulo, também é preciso ultrapassar a uma distância da 1,5m do ciclista. E assim como em São Paulo, não é todo mundo que respeita. Já levei umas duas finas – de taxistas, inclusive -, mas como aqui as ruas não tem buracos loucos que nem SP, não chega a ser tãããão perigoso, a não ser pelo susto – claro que não justifica, mas não chega a 20% do perigo que isso representa aí.

Acessibilidade

TODAS as calçadas são acessíveis e tem rampa nos faróis para subir e descer a guia. Não tem buracos e, em geral, são bem limpinhas – até demais, pra falar a verdade, mas não porque a população é educada a fazê-lo, mas porque eles lavam a rua durante a noite, gastando uma quantidade absurda de água e dinheiro com isso. O asfalto é praticamente perfeito e as grelhas de bueiros e ventilação são na diagonal; não sei se pra não prender o pneu ou por qualquer outro motivo, mas é bom que não prende mesmo assim.

Comunidade ciclística

Já fui na bicicletada daqui (que se chama só Massa Crítica, porque o termo Bicicletada é usado pra qualquer passeio ciclístico em grupo) assim que peguei uma bici (ainda emprestada), mas não me integrei muito com o pessoal. Acho que porque tinha acabado de chegar, ainda estava me familiarizando com o a língua e em como abordar pessoas sem parecer a louca da bicicleta. Digo isso porque, pelo fato do uso da bicicleta ser bem cotidiano aqui, achei que a massa crítica não seria formada por pessoas tão fanáticas por bici que nem essa galera meio estranha de São Paulo e outras cidades com menos estrutura e mais reivindicações. Ledo engano.

Embora muita gente use a bici para deslocamentos diários, só os que realmente AMAM bicicleta participam da massa crítica. Acho que por isso o número reduzido de pessoas (contei perto de umas 70) e o número elevado de hipsters de fixa com tatuagens de pedivelas, correntes e outras peças pelo corpo e bicicletas de morrer de tão lindas, bem cuidadas e montadas com muito esmero. Tirando que sempre tem o cara que leva o cachorro, o cara do som, a mina linda e estilosa que pedala aquela bici linda e estilosa, a turminha que fica tirando um sarro entre si..

A carga política da bicicletada aqui é bem menor que a que temos aí e só se manifestou quando um carro de polícia foi pedir para que todos ocupassem somente a pista da esquerda e liberassem o resto da via para os carros – mas ninguém arredou o pedal da direita!

Bicicletada passando nos fundos da Sagrada Família

Pra ilustrar a idéia do que é a Massa Crítica, deixo a frase de um grande amigo, Edu: “Eu acho que sempre vai ter gente que vai usar a bike como se usasse um aspirador, uma máquina de lavar, como um negócio que é útil e nada mais, mas acho que sempre vai ter a turminha da bike, que respira bike o tempo todo. Acho que aí sim rola uma camaradagem” (MATSUOKA, 2011).

Bom, é isso! Acabou ficando mais longo do que eu planejava, mas mais completo também.

Ah! quanto ao DMSC aqui: até agora não percebi movimentação nenhuma, esperava que fosse porque não estou inscrita em nenhuma lista de emails da “turminha da bike”, mas estou achando que a importância desse dia significa muito menos aqui do que em São Paulo, onde ainda estamos lutando pra conquistar boa parte do que tenho aqui.

Ainda assim, desejo um ÓTIMO Dia Mundial Sem Carro para todos, com ou sem carro! Que seja, para muitos, um começo, uma mudança de paradigma e de postura.

Uma ótima Semana Mundial Sem Carro, Mês Mundial Sem Carro, isso sem falar no Ano Mundial Sem Carro e na VIDA Mundial Sem Carro (ou, pelo menos, com o uso consciente e moderado do mesmo)!!!

A rua é de todos. Mas e o parque?

20 set

Após minha primeira pedalada, fiquei toda animada a sair andando de bicicleta. Queria praticar ao máximo antes de voltar para a cidade-bicicletófila onde eu moro, lá bem acima do trópico de Câncer.

Como não me senti preparada para encarar o Encontro de Agosto das Pedalinas (por ainda ter receio de andar na rua, já que essa seria apenas minha segunda experiência sobre duas rodas), resolvi ir a um lugar mais tranquilo, onde eu pudesse praticar com calma, sem medo de carros, pedestres etc. E como eu também não tenho bicicleta aqui em São Paulo, o jeito foi ir a um lugar onde eu pudesse alugar uma. O lugar eleito para minha segunda aventura foi o parque Villa-Lobos. Teoricamente, seria um lugar super tranquilo para minha bicicletada iniciante. Teoricamente.

Aluguei a bike e, depois de praticar um pouco na entrada do parque, tomei coragem para encarar a ciclovia (que eles chamam de “ciclovilla”, wink-wink, nudge-nudge). É um lugar bem legal para iniciantes: ela é curta (tem apenas 3,5Km) e praticamente plana (tem uma subidinha que você quase não sente, e uma descidinha que é no mesmo esquema). O problema é que, nos finais de semana, pelo que eu vi, ela fica bem cheia – insuportavelmente cheia. E aí, para quem ainda não aprendeu a fazer curvas direitinho (como eu), a coisa fica mais desafiadora.

Por medo de atingir algum ciclista desavisado, quando estava muito perto de outra bicicleta (ou quando outra bicicleta estava muito perto de mim), freava, ia para o cantinho da ciclovia, grudava no meio-fio e esperava a onda de bikes passar antes de retomar meu passeio. E assim fui indo. Demorei um tempinho para completar os 3,5Km, mas foi relativamente tranquilo.

Uma coisa que notei, no entanto, foi a grande quantidade de pedestres caminhando, fazendo jogging, ou simplesmente passeando pela ciclovia.

E esse é um problema que muita gente encontra quando usa os espaços públicos, principalmente nas grandes cidades.  Apesar de existir a tal “ciclovia” (ou “ciclovilla”, como quiserem), que deveria ser um espaço dedicado unicamente a bicicletas, velocípedes, triciclos e afins (como sinalizado nas placas, que lembram que é proibido que pedestres caminhem ou corram na ciclovia,  devido ao risco de acidentes), é fato que as pistas para pedestres do Parque Villa-Lobos deixam a desejar e, em algumas partes, os pedestres não tem alternativa senão a de se enveredar pelo meio das bicicletas.  E aí, além do risco de acidentes, há um risco ulterior ainda maior: o surgimento de uma certa hostilidade entre pedestres e ciclistas, com cada uma das partes achando que seu espaço foi invadido ou desrespeitado.

Sou corredora (muito) amadora de média distância e entendo que a falta de espaço adequado para pedestres e corredores ainda é um grave problema em São Paulo, mas sempre que estou em um espaço público, seja como pedestre, corredora ou ciclista (mais raro), tento prestar o máximo de atenção ao ambiente e às pessoas a minha volta.  Mas nem todo mundo usa essa mesma regrinha. Na mesma ciclovia onde eu estava, ainda cambaleante, tentando aprimorar minhas curvas e freadas, havia um pessoal pedalando em altíssima velocidade (e arriscando manobras à la freestyle BMX) – ao lado de moças passeando com seus carrinhos de bebê!

Enquanto o problema dos espaços públicos de São Paulo ainda está longe de ser solucionado, vale lembrar que, para que o recadinho de “respeite o ciclista” realmente tenha impacto, é imprescindível que, em primeiro lugar, ciclistas respeitem ciclistas. E respeitem também, claro, pedestres.  Além disso, é sempre importante que os pedestres prestem atenção ao trânsito de bicicletas no parques da mesma maneira que prestam atenção ao tráfego de veículos nas ruas.  Antes de atravessar a ciclovia, olhe para os dois lados. E, se realmente não há um espaço exclusivo e seguro para pedestres, é ideal procurar manter-se à direita da ciclovia, permitido que as bicicletas possam fazer ultrapassagens de maneira segura.

Os ciclistas que frequentam parques, principalmente aos finais de semana, quando há mais famílias com crianças pequenas (tendo em mente aquela regrinha básica de que atrás de uma bola sempre vem uma criança), devem lembrar que os parques, assim como as ruas, também são de todos.

Agora, àquelas e àqueles que, como eu, aprenderam a pedalar recentemente e querem praticar em lugares mais “seguros” antes de tomar as ruas, um conselho: se possível, evitem os parques nos finais de semana, pois a lotação aumenta a ansiedade e o risco de acidentes. Imagino que as ciclofaixas sejam uma opção um pouco melhor, mas nunca usei (alguém?). E existe sempre a possibilidade de se voltar à Praça Vegana (mesmo quando as Pedalinas não estão dando oficina) e praticar por lá.

Birdwatcher urbana

5 set

“Pra ver, os olhos vão de bicicleta até enxergar” – O Caroço da Cabeça – Marcelo Fromer / Nando Reis / Herbert Vianna

 

O birdwatching, ou observação de aves tem se tornado uma espécie de hobby que venho descobrindo já há algum tempo por causa das minhas pedaladas pela cidade.

Diferente dos “verdadeiros” birdwatchers, que se preparam para ir a campo nos horários mais propícios à observação de aves, cedinho ou ao entardecer, munidos de câmeras, binóculos, olhos e ouvidos treinados, eu, em cima de minha bicicleta, pelo simples ampliar dos horizontes que ela proporciona, passei a notar as aves da cidade, os diferentes cantos, cores, formas e comportamentos, tudo isso a caminho do trabalho.

Escolher caminhos alternativos e fazer deles meus trajetos de bicicleta pela cidade, além de mais seguro e agradável do que pedalar por avenidas, proporciona também grandes surpresas como ruas cheias de árvores, flores, e claro, aves.

Bem-te-vis, periquitos, sabiás, beija-flores, quero-queros e tantos outros. Seja pousado em uma árvore, num ninho em plena Avenida Rebouças ou cruzando a rua tranquilamente, eles enchem meus olhos e coração de alegria. Fico pensando se sempre estiveram ali sem serem notados, ou se surgiram há pouco. Onde foram parar os pardaizinhos da minha infância que hoje não vejo mais? E esses periquitos verdinhos que só notei há poucos meses?

Canteiro central da Av. Rebouças, cruzamento com a Rua Capitão Prudente, refúgio do joão-de-barro

Mantenho essas perguntas em mente como mistérios a serem descobertos aos poucos. Como leiga, me perco com nomes, espécies… dificilmente sei distinguir um bem-te-vi  de um suiriri (qual dos dois mesmo é o que tem a listra branca na face?) ou o sabiá-poca do sabiá-barranco, mas me encanto ao vê-los e ouvi-los, me sinto privilegiada e desejo que mais pessoas os percebam em seu dia-a-dia.

Raramente consigo fotografa-los, seja por não estar com a câmera, ou porque é meio difícil mesmo já que são ágeis e somem quando menos se espera, mas os registros ficam, talvez ainda mais valiosos, por estarem somente em minha memória.

Aquele pontinho vermelho ali no meio é um tiê-sangue! - Rua José de Souza Ferreira - zona oeste

Lembro da primeira vez em que ouvi a vocalização de um papagaio selvagem, aqui, na pracinha na frente de casa, bem diferente do “loro, loro” que infelizmente paira nas gaiolas por aí. Não foi necessário muito esforço pra perceber que o casal vem dormir aqui na praça, saindo de manhazinha, sempre na mesma direção. Pra onde será que vão? Onde passam o dia?

Papagaio de vida livre não fala "loro"

Aos poucos vou descobrindo as respostas, mas uma coisa é certa, meus dias ficam mais felizes por causa destas aves encantadoras!

 

O primeiro Encontro

11 ago

Toda vez que vou fazer algo pela primeira vez tenho aquela sensação boa, mas ao mesmo tempo assustadora de “Como será?”. Fico pensando em mil coisas que podem dar errado, fora aquele friozinho na barriga que fico dias antes.

No meu primeiro encontro com as Pedalinas não poderia ser diferente. Um dia antes, quando estava fazendo alguns ajustes na bike, minha barriga já estava gelada. “Será que vai dar certo?” “Será que vou gostar?” “E se eu chegar atrasada e elas saírem sem mim?”… Tudo isso (e mais um pouco) passou pela minha cabeça, mas mesmo assim eu não ia desistir, seria o meu primeiro encontro de muitos que viriam, eu precisava disso.

Acordei inspirada naquele dia, cada vez mais ansiosa. Após o almoço meu bike anjo/namorado chegou para me buscar, iríamos até o metrô e de lá eu prosseguiria sozinha para encontrar (e conhecer) uma colega que estaria me esperando na estação Consolação.

O relógio marcava 14h55 quando cheguei à estação, passei com a bicicleta para o outro lado da catraca e esperei. A cada minuto que passava meu estômago, já sensível, gelava ainda mais. Após 20 minutos esperando eis que surge a colega e mais uma que ela conheceu no metrô.

Feitas as devidas apresentações prosseguimos (de escada rolante e pela calçada) até a Praça do Ciclista.

Acho que tinha umas 30 meninas com suas bikes de variadas cores, tamanhos e modelos. Ficamos num cantinho que havia sobrado conversando e nos conhecendo melhor, além de puxar conversa com as meninas que estavam mais próximas.

Pouco tempo depois chegou a Gabi com um sorriso no rosto, muita simpatia e adesivos para nos entregar. Super atenciosa ela ainda ficou uns minutinhos conversando com a gente. Naquele momento percebi que bastava estar lá para fazer parte do grupo, só isso, simples assim.

O passeio demorou um pouco bastate para começar. A Aline estava sendo entrevistada, algumas meninas ajustavam suas bikes e iríamos esperar mais 2 meninas que estavam chegando.

Pronto, as meninas chegaram, tiramos uma foto (que por acaso eu não sai) e… o pneu da Aline estava furado! Ok, isso não é um problema quando há várias meninas que entendem de mecânica de bike no grupo. Problema resolvido!

O passeio começou, seguimos a Avenida Paulista em frente toda vida, que delícia! Por onde passávamos todo mundo olhava, éramos a atração, causamos as mais variadas impressões e reações, estava orgulhosa de mim mesma por fazer parte daquilo. Em certo momento ouvimos um pai dizendo: “Olha filha, as bicicletas estão invadindo a cidade!”

Durante o trajeto aproveitávamos para conversar mais ainda e fazer barulho nas ruas… “Mais pedalinas, menos gasolina!”

Ruas tranqüilas ou nem tanto, pouco importava o espaço que iríamos utilizar. Aquele era nosso dia e iríamos ocupar as ruas, os motoristas querendo ou não. Não vou dizer que não houve finas e motoristas chatos, mas as mais experientes tiravam isso de letra, sempre tentando proteger as iniciantes seja fazendo corking (é isso?!) para fechar os faróis ou pedalando no ritmo da outra só para acompanhá-la.

Pedalamos poucos quilômetros e chegamos ao que parece ser o Parque da Aclimação (ou pelo menos foi o que disseram), sentamos, nos espalhamos pelo pequeno lugar localizado numa ruinha bem tranqüila, fomos comer na padoca do português, etc.

O passeio terminou com uma baita subida que nem quem está acostumada com a Augusta conseguiu, mas isso também faz parte. Eu voltei toda feliz para casa pensando em como seria o próximo encontro e satisfeita por ter conhecido tantas pessoas legais num só dia.