Arquivo | março, 2011

Sobre uma notícia de jornal

30 mar

 

 

A reserva que um ovo inspira

é de espécie bastante rara:

é a que se sente ante um revólver

e não se sente ante uma bala.

(João Cabral de Melo Neto, “O ovo de galinha”)

 


O ovo insiste em aparar suas quinas mecânicas. Um ovo distinto, negro. Esse ovo toma forma de carro tateando no escuro; ele encerra em si expectativas. Dentro dele, feixes de reflexos de seus espelhos cruzam o interior em plasmas luminosos. Os vidros escuros, permeáveis à luz, como a fina casca branca do ovo. O miolo firme, prestes a transbordar os limites da película (cercado de uma estranha gosma transparente?), transgride. Chega um porvir imundo ronronando ameaças, bafo apressado em quentura de motor. Cem bicicletas rasgam o frescor, deslizando arritmadas em fluidez inventada. Rodando: o ovo-carro avança, muito rápido. E – os segundos de repente têm o peso da traição pelas costas – atropelamentos. Ciclistas escorrendo feito gema mole sobre seu pára-brisa, subindo, caindo pelas bordas em umidade vermelha. As formas arredondadas – para surpresa do ovo! – ficaram do lado de fora de sua casca de azeviche, girando no vazio, longe do chão.

Alguns dias antes, Ricardo fantasiava. Ele a admirava através do vidro, contemplando-a. Deslizando sensualmente, ela transpirava seus movimentos ágeis como a cheia de um rio, uma manada. Como essas coisas que fazem curvas que escapam da vista. Ele desdenhava a Liberdade todas as vezes em que ela esfregava a sua prisão através dos vidros calculadamente permeáveis. Homens e mulheres lhe privavam do que era seu. Do lado de dentro, ele sem ela. Mas Ricardo não ousava tocá-la. Em espirais, sobre bicicletas, ela continuava a rondá-lo em brisas cada vez mais soltas, sussurrando o silêncio da invisibilidade. Súbito, uma violência metálica e a fragilidade em ferida aberta. A gema (se é que assim podemos chamar aquilo que recheia um ovo inorgânico) teve seus nervos oleosos endurecidos pelo ciúme. A Liberdade sequer poderia ser sua amante enquanto ele cerrasse seu corpo dentro de tão dura matéria, lata quente de motor. Sentindo a pulsão, ele desejou o frescor que emanava de maneira irremediável: o lado de dentro ousou tocar o fora com bastante obscenidade. Rendeu-se aos impulsos despudorados que lhe coravam a face, cuspiu a clara translúcida que nutre a vida e a feriu. Junto com esse disparo, cem pessoas deitavam na secura do asfalto. E foi assim que o ovo negro despedaçou a Liberdade em cacos de bicicleta.

………………………………………………………………………………………………

Em 1935, um jornal mexicano noticiava a morte de uma mulher, encontrada em sua própria cama com dezenas de ferimentos. Próximo à mulher, encontraram seu marido, coberto de sangue, punhal na mão. “Unos cuantos piquetitos” (em tradução livre: “algumas punhaladinhas”) foi a expressão utilizada pelo assassino para justificar-se para a polícia. Frida Kahlo pintou um quadro com este título, inspirada por este brutal acontecimento. A moldura da obra está toda manchada de sangue e marcada por golpes de punhal, o que sugere que Frida teria arrancado esta imagem da realidade. E a realidade sempre nos ultrapassa. O fragmento acima é, por assim dizer, a imagem que voou na minha direção no dia 25 de fevereiro de 2011.

(Neste momento, Ricardo Neis está preso fora de seu automóvel.)

Porto de alegrias

29 mar

Sexta-feira passada completou 1 mês que o bancário-psicopata, Ricardo Neis, pisou no acelerador e atentou contra a vida dos ciclistas de Porto Alegre! O fato chocou o Brasil e o mundo, mobilizando massas críticas de vários lugares e florindo homenagens lindas.

Até a Critical Mass de São Francisco se sensibilizou!

Quando eu, drielle e veronica decidimos ir pra lá, o sentimento era de solidariedade. Queríamos abraçar aquelas pessoas, conhecê-las, olhar nos olhos, pedalar com elas!

E na sexta-feira de bicicletada desembarcamos em Porto Alegre! Fomos de bike até o encontro com a massa e foi só alegria! Eles são muito animados, tem gritos super criativos e a paz reina! Veja nesse vídeo:

Massa Crítica de Poa – março/2011 from Naldinho on Vimeo.

A impressão que tivemos sobre a cidade em si foi das melhores possíveis, apesar de termos nos perdido no começo e caído no que seria a 23 de maio deles! Mas no geral as ruas são bem largas, planas, arborizadas, fluidas. Claro que essas impressões são de alguém que mora em São Paulo e ficou apenas 1 final de semana no lugar.

As pessoas são super receptivas! Nossa anfitriã Lívia (@bikedrops) é uma fofa! Infelizmente o

encontro com as Cíclicas não rolou conforme o combinado pois estava chovendo muito no sábado e a maioria das meninas desistiu. Mesmo assim tivemos a oportunidade de bater papo com algumas delas.

As 3 Pedalinas malucas por chuva se encharcaram praticamente todos os dias, o sorriso não cabia no rosto e foi tudo LINDO. AMAMOS o rolê!

Gostaria de deixar aqui registrado nosso agradecimento à Massa Crítica Poa, ao pessoal de Curitiba, às meninas das Cíclicas e a tod@s que fizeram daquele dia um dos mais legais das nossas vidas!

Força no encaminhamento jurídico contra o atropelador! Saibam que o episódio foi um marco para a bicicleta como transporte no Brasil, a visibilidade, a comoção renderam discussões e uma movimentação em torno do tema MUITO importantes!! Contem com a gente pro que precisarem!

Ficou a saudade e a certeza de que voltaremos em breve! Aproveito para enfatizar o convite: VENHAM PEDALAR COM A GENTE!!! As portas estarão sempre abertas!

@pedaline

(Tem mais fotos minhas aqui)

O caos e a bicicleta

25 mar

Essa é a Célia mostrando um pouco da sua rotina diária de congestionamento pedal e prazer. Percebam como o caos motorizado faz da bike um veículo absurdamente eficiente: “É muito bom ver os carros parados! Eu passo todos eles”!

O vídeo foi veiculado durante o seminário sobre mobilidade urbana em Piracicaba no mês passado. Eu também participei em nome da Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo – Ciclocidade – mas não pude perder a oportunidade para falar inclusive das Pedalinas! Várias mulheres vieram conversar sobre o coletivo, se interessaram e prometeram aparecer por aqui para pedalar com a gente!

AAAAH!! NÃO ESQUEÇAM QUE DOMINGO, DIA 27/03, TEM BAZAR DE TROCAS DAS PEDALINAS!!! SAIBA MAIS AQUI

Cíclicas e Pedalinas

23 mar

Atenção meninas de Porto Alegre! Sábado, dia 26/03, tem pedal + bate papo entre representantes dos coletivos femininos de ciclistas: Pedalinas (SP) e das Cíclicas (POA). Olha que legal o convite que as gaúchas fizeram:

Eu (@pedaline), Drielle (@drialarcon) e Verônica (@vmambrini) vamos desembarcar em PoA essa sexta-feira para participar da Massa Crítica que completa 1 mês do atropelamento coletivo contra ciclistas do movimento. Aproveitaremos a visita para conhecer as meninas que agitam os pedais por lá. Na volta contaremos as novidades!!

#VADEBIKE

Das massas críticas

22 mar

Veja as belíssimas fotos da Massa Crítica de Buenos Aires que também pedalou em apoio aos ciclistas atropelados pelo bancário Ricardo Neis, dia 25/02, em Porto Alegre.  (para abrir o link é necessário ter conta no facebook)

O atropelador foi denunciado e vai responder por 17 tentativas de homicídio triplamente qualificadas. “Conforme Callegari (promotora do MP), os crimes foram praticados por motivo fútil, tendo em vista que o denunciado queria imprimir velocidade em seu veículo, encontrando o grupo de ciclistas pelo caminho, demonstrando extremo egoísmo e individualismo”, diz a matéria.

Essa sexta-feira, dia 25/03, completamos 1 mês da tragédia e a Massa Crítica de Porto Alegre vai ocupar as ruas como fazem todas as últimas sextas de cada mês. Ciclistas das massas críticas de São Paulo e Curitiba também vão compor o coro e gritar junto com os gaúchos por mais amor e menos motor!

Inclusive algumas integrantes das Pedalinas se encontrarão com o coletivo de meninas de Porto Alegre, as Cíclicas, para um bate-papo, troca de experiências e muito pedal.

Bicicletada

Em São Paulo, a Bicicletada acontecerá dia 25/03 a partir das 18h na praça d@ciclista e promete uma pizza ao ciclista mais original. Veja o convite:

PARTICIPE

PEDALE

DEMONSTRE QUE VOCÊ NÃO COMPACTUA COM UMA CIDADE PENSADA APENAS PARA QUEM TEM CARRO! DEVOLVAM AS RUAS PARA AS PESSOAS!!!!

Bazar de troca! próximo domingo

20 mar

bijuterias – buzinas – capacetes – cds – lanternas

– livros – luvas – travas – vontade – traga o que quiser!

comes e bebes são bem-vindos.

quando? dia 27 de março, a partir das 14h

onde? próximo ao parque villa-lobos. haverá bonde de saída da praça do ciclista. se ajudar, como é domingo, é possível utilizar a ciclofaixa de lazer para vir ou ainda embarcar com a bike no metrô.

favor confirmar presença: anarusche@gmail.com, assim te enviamos o endereço e outros detalhes que precisar.

Obsceno é o trânsito

18 mar
 

 

Foto Santiago Luz

Centenas de ciclistas pedalaram com pouca (ou nenhuma) roupa na 4ª edição do World Naked Bike Ride realizada sábado, dia 12/03/2011, em São Paulo. A Pedalada Pelada, como foi traduzida para o Brasil, acontece todos os anos em diversas partes do planeta e depois de 3 anos consecutivos tendo problemas com a polícia, finalmente conseguimos fazer o encontro sem transtornos e sem ela – PM.

Com MUITA alegria, cores, luzes e sorrisos os manifestantes gritavam por visibilidade e respeito no trânsito e, para isso, chamavam atenção das pessoas utilizando o próprio corpo como tela, onde fizeram desenhos e pintaram frases ativistas. As muitas partes à mostra, invariavelmente, atraíam os olhares curiosos. Mas a recepção era sempre positiva.

Foto Santiago Luz

Além da fragilidade do ciclista sobre a bicicleta e da necessidade coletiva de proteção/compreensão/compartilhamento/coexistência, o World Naked é uma oportunidade para abrir discussão sobre assédio contra mulheres. Dentro da massa pelada sentimos muita segurança em despir, mas comentários extra-bicicletada ainda são frequentes e intimidadores.

Parabéns às Pedalinas que participaram, tiraram (ou não) a roupa e mais uma vez mostraram sua indignação diante de tantas questões polêmicas que rondam nosso dia a dia! Pq obsceno MESMO é esse trânsito que tira a cidade das pessoas, polui e mata quem vive nela!

 

Foto Santiago Luz

Foto Martin

Foto Carlos Alkmin

Veja mais relatos:

FelizCidadeFeliz – Pedalada Pelada do jeitinho que a gente gosta

Outras Vias – Sem pudor de mudar o mundo

Vá de Bike – Como foi Pedalada Pelada 2011

ESPN Renata Falzoni – O sucesso da quarta edição do WNBR em SP

Clipping com TUDO que saiu sobre o WNBR, fotos, relatos, noticias e videos


Pedalada Pelada 2011 # WNBR from Palmas on Vimeo.

Dicas valiosas de segurança e posicionamento nas vias

15 mar
As dicas abaixo são do Bicycle Safe, tradução do Onde Pedalar. (aos quais agradecemos imensamente!)
 
Elas demonstram como acontecem as principais situações de perigo de colisão envolvendo veículos automotores e dão dicas valiosas de como evita-las com atitudes simples. (e ainda de forma bem humorada e ilustrada:) 
 
Muitas destas dicas me foram passadas verbalmente por ciclistas mais experientes que fui conhecendo. Espalhe você também este conhecimento! 
 
 
COMO EVITAR COLISÕES COM CARROS
 

 

 

 

1 :Cruzamento com carro à direita.

Cruzamento de carro e bikeEsta é a mais comum das formas de ser abalroado (ou quase).  Um carro saindo de uma rua lateral, estacionamento ou entrada à direita. Observe que há na verdade dois tipos possíveis de colisões aqui: Ou você está na frente do carro e o carro te acerta no meio, ou o carro aparece muito rápido e você não consegue frear e o acerta no meio.

Como evitar este tipo de colisão:

1.      Tenha um farol.

Se você estiver andando à noite, você deve usar uma luz na frente. É exigido por lei, de qualquer maneira. Mesmo para um pedal diurno, uma luz branca brilhante que tem um modo intermitente pode torná-lo mais visível para os motoristas que chegam ao cruzamento. Os novos faróis de LED duram dez vezes mais que os anteriores e podem ficar ligados o tempo todo. As lanternas de capacete são as melhores porque quando você olha para o motorista não tem como ele não ver a luz branca.

2.      Buzina

Um bom e alto som pode chamar a atenção do carro que se aproxima a sua frente ou à direita. Caso não tenha uma, não se envergonhe de gritar “Ei”. É melhor ser a atração da rua do que ser atropelado. Em alguns países a buzina é obrigatória.

3.      Reduza a velocidade

Parece meio chato a todo cruzamento que você vai passar ter que reduzir, mas essa é uma precaução que salva vidas. Estando mais devagar, você consegue frear completamente evitando uma colisão. Lembre-se você é o elo mais fraco. Mesmo que tenha razão é o cara que vai ficar com mais dor no final das contas.

4.      Pedale mais à esquerda.

Olhe para as duas linhas azuis “A” e “B” na imagem. Você está acostumado a andar na “A”, muito próximo ao meio fio, isto porque você está preocupado em ser atingido por trás. Mas dê uma olhada no carro. O condutor está sempre olhando para a estrada e para o tráfego, não está olhando para a faixa das bikes ou para perto do meio fio, ele está preocupado com o meio da pista, com outros carros. Quanto mais à esquerda você estiver (como em “B”), mais provável que o motorista te enxergue. Há um outro detalhe aqui: se o motorista não lhe ver e começar a arrancar, você pode ir ainda mais longe à esquerda, ou pode ser capaz de acelerar e sair do caminho antes do impacto. Assim pode dar tempo dele frear antes de colidir.  Em suma, você e ele terão mais opções. Ficando totalmente à direita, sua única “opção” pode ser bem na porta do lado do condutor. Usando este método já me salvei em três ocasiões em que um motorista avançou sobre mim, e no qual eu definitivamente teria golpeado na porta lado do condutor se eu não tivesse me deslocado à esquerda.

Evidentemente, há um troca-troca aqui. Pedalar à extrema direita te faz invisível para os motoristas à sua frente nas intersecções, mas andar para a esquerda torna-lo mais vulnerável aos carros atrás de você. Sua posição atual na faixa pode variar dependendo do quão grande é a rua, quantos carros existem, quão rápidos e quão próximos eles passam você, e até que distância você estiver do próximo cruzamento. Em ruas rápidas e com poucas travessas, você vai andar mais à direita e, em ruas lentas e com muitos cruzamentos, você vai andar mais à esquerda.

 

2: Ser sorteado com uma porta no seu caminho

Uma porta no caminho do ciclistasO Motorista abre a porta bem na sua frente. Dependendo da sua velocidade, não vai dar tempo para parar. Com um pouco de sorte, o distinto motorista vai sair do carro a tempo de você ter o prazer de acertá-lo junto. Assim você quebra uns ossos dele e amortece seu impacto. Este tipo de acidente é mais comum do que você imagina e é a causa número um acidentes com bikes em Santa Bárbara na Califórnia. Nós compilamos uma lista de ciclistas mortos ao baterem com portas abertas de carros.

Como evitar esta colisão:

Pedale mais à esquerda.

Pedale suficientemente longe para a esquerda que você não irá bater em qualquer porta que está aberta inesperadamente. Você pode ter algum medo em pedalar muito a esquerda e os carros não terem espaço para ultrapassá-lo. Mas é bem mais provável de você ser surpreendido por uma porta do que ser atropelado por um carro que vem atrás e que claramente vai te enxergar. 

 

3 :Cruzando pela faixa de pedestre

Pedalando pela faixa de pedestreVocê está andando na calçada e atravessa a rua na faixa de pedestres, um carro faz uma curva à direita e vai direto em cima de você. Isto acontece porque carros não estão esperando bicicleta na faixa. Por isso, você tem que ter muito cuidado para evitar este tipo de acidente. Esta colisão é tão comum que já perdi a noção do número de pessoas que já nos disseram que foram atingidas dessa maneira, tais como John Ray Ray.  Um estudo mostrou que pedalar na calçada é duas vezes tão perigosa do que pedalar na rua e um outro estudo disse que é ainda mais perigoso do que isso.

1. Ter um farol. 

Se você estiver andando, à noite, você deve usar um na frente. É exigido por lei,  de qualquer maneira.

2. Vá devagar. 

Você deve ir tão devagar que consiga parar por completo e imediatamente se for necessário.

3. Não andar na calçada, em primeiro lugar. 

Cruzamento entre calçadas pode ser uma manobra bastante perigosa. Se você vai sobre o lado esquerdo da rua, corre o risco de ser atingido como no desenho ao lado. Se você vai sobre o direito do lado da rua, corre o risco de ser abalroado por um carro que está atrás de você vai virar direita. Você também corre o risco de ser atingido por carros saindo de estacionamentos. Esses tipos de acidentes são difíceis de evitar, o que é uma razão para não andar na calçada, em primeiro lugar.

E outra razão para não andar na calçada é que você estará ameaçando pedestres. Sua bicicleta é tão ameaçadora para uma pessoa a pé como um carro é ameaça para você. Por último, andar na calçada é ilegal em alguns locais. Se você fizer plano de andar nas calçadas, faça-o devagar e com cuidado extra, especialmente quando atravessar a rua entre as duas calçadas.

 

4: Pedalando na contramão

Pedalando na contamãoVocê esta pedalando na contramão perto do meio fio pela esquerda da rua. Um carro que vai entrar nesta pista virando a direita vai direto pra você. Ele não vai te ver porque estará olhando somente para a esquerda de onde supostamente deveria vir o tráfego. Eles não tem qualquer razão para suspeitar que uma bicicleta venha do outro lado. Do lado errado do fluxo.

E ainda pior, você poderia ser atingido por um carro vindo em sentido contrário. Eles teriam menos tempo de te ver e tomar ações evasivas porque estariam se aproximando muito mais rápido de você do que se os dois estivessem no mesmo sentido. E para completar, o impacto contra é o mais forte que pode se ter, pois as velocidades contrárias se somam no efeito final.

Como evitar esta colisão:

Não trafegue na contramão. Pedale com o trânsito, no mesmo sentido.

Pedalar contra o tráfego pode parecer uma boa idéia porque você pode ver os carros que estão passando por você, mas não é. Veja os motivos:

1.      Carros que saem de garagens, estacionamentos e vão atravessar a rua (à sua frente e à esquerda) ou que vão entrar à direita na rua, não estão esperando o tráfego que vem contra a eles de forma errada. Eles não vão te ver, e vão direto contra você.

2.      Como diabos é que você vai fazer uma curva à direita?

3.      O carro vai te abalroar a uma velocidade relativa muito maior. Se você está indo 20 km/h e um carro te atinge por trás a 30 km/h a velocidade relativa que resultará no impacto é de 10km/h (30–20). Mas se você está do lado errado da estrada e um carro se aproxima na mesma velocidade, o resultado de forças será de 50 km/h (20+30), que é cinco vezes mais rápido! Uma vez que vocês se aproximam mais rápidos, você e muito menos o motorista tem tempo para reagir. E se ocorrer uma colisão, ela vai ser dez vezes pior.

4.      Pedalar pelo caminho errado é ilegal.


Um estudo mostrou que andar na direção errada é três vezes mais perigoso que pedalar no caminho certo, e para crianças, o risco é sete vezes maior.

Quase um quarto das colisões envolve ciclistas andando na direção errada. Alguns leitores têm contestado esta situação, dizendo que 25% das colisões são de ir na direção errada, então pedalar no caminho certo é mais perigosa porque representa 75% das ocorrências. Esse pensamento está errado. Primeiro, apenas 8% dos ciclistas pedalam no sentido errado, mas quase 25% deles sofrem acidentes – o que significa que ciclistas no sentido contrário tem três vezes mais chances de serem atingidos do que os que pedalam no sentido certo. Em segundo lugar, o problema em pedalar no sentido contrário promove colisões, enquanto no sentido certo não. Por exemplo, 17% dos ciclistas que furam sinal vermelho colidem por causa desse ato (fonte). Mas não podemos concluir que não furar sinal vermelho ou placa de pare causa as outras 83% das colisões.


5:      Luz vermelha da Morte

Farol vermelhoVocê para a direita de um carro esperando o farol abrir. Ele provavelmente não te viu chegar. Quando a luz fica verde, vocês dois avançam e ele vai virar a direita. Exatamente sobre você. Mesmo carros pequenos são perigosos, agora o perigo maior está com caminhões, ônibus e carretas. Veículos desse porte com certeza não vão te ver ali parado. Em Austin um ciclista foi morto em 94 quando parou ao lado de um carro com reboque. Com a virada a direita ele foi engolido pelas rodas.

Como evitar esta colisão:

Não pare no ponto cego. Basta ficar um pouco para trás do carro em vez de se enfiar na direita dele, veja o diagrama. Esta atitude lhe faz visível para todo o tráfego em todos os lados. É impossível que o carro logo atrás de você não lhe veja.

Outra opção é parar no ponto A ou B demonstrado no diagrama. No A o primeiro motorista irá te ver e no B o segundo. O que não vale é parar ao lado do segundo carro no ponto cego. Você pode escapar do primeiro, mas o segundo oferecerá a mesma ameaça.

Estando no ponto A, quando o farol abrir arranque. Não fique olhando para o motorista para ver se ele vai virar ou não. Você já esta no caminho dele, o melhor a fazer é ir à frente e liberar o caminho. Não tem porque você assumir o ponto A se você não tem intenção de cruzar a rua assim que o farol abrir. Só tome cuidado com algum espertinho furando o sinal vermelho na perpendicular.Farol vermelho

Se você escolher o ponto B, assim que o farol virar verde, não passe o carro a sua frente. Fique atrás dele. Isto porque, mesmo que ele não esteja dando sinal de virar, ele poder virar a qualquer momento. Mesmo que ele cruze a rua, ele pode virar a direita em uma garagem no meio do quarteirão a frente. Sempre assuma que um carro possa virar a direita a qualquer momento. NUNCA passe um carro pela direita. Tente ficar a frente do carro que esta atrás de você durante o cruzamento. Assim ele tem que esperar você seguir, mesmo que queira virar a direita.

Não querendo propor infringir a lei, mas passar no farol vermelho pode ser mais seguro do que esperar para sair com os carros ao seu lado e correr o risco de algum virar a direita. A moral aqui é não que você deva quebrar a lei, mas que você pode ganhar um machucado seguindo-a a risca.

E só lembrando, muito cuidado em passar carros parados no farol pela direita em busca do seu ponto certo. Caronas podem aproveitar o farol para pular fora do carro e te apresentar uma porta como parada inesperada.


6:      Carros virando a direita

Virada a direitaUm carro passa por você e tenta virar a direita fechando seu caminho. Eles pensam que você não anda rápido porque esta sobre uma bicicleta e acham que vai dar tempo de passar e virar a direita. Claro que aí tem um pouco de egoísmo de não querer diminuir a velocidade do carro e esperar. Claro que os motoristas não vão achar que estão fazendo nada de errado. Mesmo que você freie, dificilmente conseguirá evitar um choque. Este é um tipo de colisão quase impossível de evitar, dependendo da sua velocidade, você não terá tempo para nada.

Como evitar esta colisão:

1.      Não pedale na calçada.

Quando você pedala sobre as calçadas, você esta invisível para os motoristas. É o começo de um choque se você fizer isso. Keith Vick morreu dessa maneira em Austin em dezembro de 2002.

2.      Pedale mais à esquerda.

Ocupando toda a faixa fica mais difícil para que um carro passe por você e te feche. Não se sinta mal por estar ocupando toda uma faixa, se os motoristas se preocupassem mais com os ciclistas, provavelmente os pedaleiros não precisassem usar desse artifício. Mesmo que não exista espaço para os carros te passarem, tome o seu espaço, é seu direito. Discutiremos posicionamento na rua mais a fundo logo abaixo.

3.      Dê uma olhada pelo seu retrovisor ao se aproximar de um cruzamento.

Se você não tem um espelho, seja de guidom ou de capacete, arrume um. Esteja seguro de olhar bem pelo retrovisor antes de atravessar um cruzamento. Ao cruzar uma rua, você deve se preocupar mais com o que vem atrás do que com o que está pela frente.


7: Carro virando a direita, parte 2

Fechada sobre ciclistaVocê esta passando um carro lento que parece perdido pela direita. Ou até mesmo outra bicicleta. Sem mais nem menos, ele vira a direita para entrar provavelmente em uma garagem ou estacionamento. Pronto, você já esta no chão olhando os ralados, se for só isso.

Como evitar esta colisão:

1.      Não passe pela direita.

É simples assim de evitar este choque. Simplesmente não ultrapasse qualquer veículo pela direita. Se um carro a sua frente esta lento, então você deve diminuir a velocidade também. Ele eventualmente pode voltar a acelerar. Se não, passe pela esquerda depois de diminuir e olhar se tudo esta seguro para que você faça a sua manobra.

Quando for passar um outro ciclista pela esquerda, avise “to passando pela esquerda” antes de avançar. Assim ele não se move repentinamente ao perceber o barulho que você vai fazer ao passar. Caso ele esteja muito a esquerda que inviabilizaria sua passagem com segurança pela esquerda, anuncie que pretende passar pela direita e avance devagar depois de ter percebido de que o ciclista à frente esta consciente do que você vai fazer.

Passar carros parados em um congestionamento pode ser perigoso. Se for fazê-lo, o faça com muito cuidado. Carros em congestionamento podem voltar a andar a qualquer momento e podem te colocar em risco como o que aconteceu no chamado Luz Vermelha da Morte.

Se você estiver pedalando atrás de um carro lento, primeiro procure estar fora do ponto cego do motorista. Segundo dê espaço para caso ele resolva virar para um lado ou outro. Se você estiver colado, pode parar com sua cara na traseira caso ele resolva virar, o que vai fazê-lo diminuir mais ainda a velocidade.

2.      Olhe sempre para trás antes de virar a direita.

Evite você também de ser atingido por um ciclista que tente te passar pela direita violando a dica 1 acima. Dê uma olhadinha para trás para ter certeza de que tem espaço para virar. Aproveite essa olhadinha para checar se pela calçada num tem algum pedestre pronto para atravessar a rua a sua frente. Lembre-se de que mesmo que você esteja correto, um choque vai doer em você o mesmo que em outro ciclista que tente ser o espertinho passando por você pela direita.


8: Carros virando a esquerda

Carro contraCarro vindo em direção contrária faz uma conversão à esquerda vindo direto para cima de você que está cruzando a rua.

Como evitar esta colisão:

1.      Não pedale pela calçada.

Vindo pela calçada você não é visto pelo motorista que está virando. Lembre-se que o pedestre tem uma velocidade muito menor que a sua e que geralmente para no meio fio antes de atravessar. É isto que o motorista espera não uma bicicleta surgindo do nada.

2.      Use uma luz de cabeça.

Se você estiver pedalando a noite, é imprescindível que você esteja usando iluminação de segurança na frente também.

3.      Vista roupas claras, mesmo durante o dia.

Bicicletas são pequenas e não facilmente visíveis mesmo durante o dia. Roupas cor laranja ou amarela e fitas refletivas realmente fazem a diferença.

4.      Não passe pela direita.

Se perto do cruzamento tem um veículo reduzindo a velocidade, pode ser que ele esteja dando passagem para o outro que vem da esquerda. Você passando pela direita ira ser uma grande e desastrosa surpresa para o motorista virando a esquerda.

5.      Diminua a velocidade.

Se você não conseguir fazer contato visual com o motorista que vem no sentido contrário, diminua. Pode ser inconveniente, mas não cruze uma rua com outra vindo no outro sentido se você não tiver a certeza de que ele o tenha visto. Não confie em que a ausência de seta piscando quer dizer que ele vá reto.

 

 

9: Carro por trás

Zigzag na ruaVocê está pedalando e inocentemente se move um pouco à esquerda para desviar de um animal ou algum objeto a sua frente. Logo atrás de você vem um carro mais rápido e te atinge.

Como evitar este choque:

1.      Nunca, nunca mesmo mova-se para a esquerda sem olhar para trás.

Alguns motoristas adoram passar a centímetros dos ciclistas, portando um leve balançar para a esquerda já é fatal. Pratique olhar para trás por cima do ombro. Se você virar a cabeça de maneira livre, certamente puxará a bike para a esquerda. Torça o pescoço levando o queixo em direção ao ombro, como um alongamento e olhe de rabo de olho. Assim você não sairá da linha reta. Para fazer isso tem que praticar.

2.      Não fique usando a faixa de estacionamento como pista e voltando a faixa de rolamento toda hora que tem um carro parado.

Você pode ficar tentado a usar a faixa de estacionamento pela tranqüilidade, mas cada vez que você tem que voltar para a faixa correta é um risco. A faixa de estacionamento é para estacionar.Usando faixa de estacionamento

3.      Use um retrovisor.

Se você ainda não tem um, está na hora de providenciar. Se não quer usar no guidom, pode optar por um modelo de capacete. Você precisa sempre ter a possibilidade de ver o que esta acontecendo atrás de você. Evitar que outros batam em você é sempre a melhor política. Não confie que quem esta atrás de você esteja te vendo e vá te respeitar.

 


10: Abalroamento por trás parte 2

se portando a frente de um carroUm carro simplesmente te atropela por trás. Esta é o maior temor de muitos ciclistas, mas não é muito comum, apenas 3,8% das colisões são dessa natureza. De qualquer forma, é um choque dos mais difíceis de precaver, pois você está sempre olhando para frente. O risco maior é à noite e em ruas movimentadas. Dos três ciclistas mortos em Austin em 96-97, todos estavam pedalando a noite e dois deles estavam sem luzes de alerta.

Como evitar este tipo de colisão:

1.      Tenha uma luz traseira.

Para pedalar a noite, você precisa absolutamente usar uma luz traseira piscando. Bruce Mackey afirma que 60% das colisões traseiras na região da Florida foram com ciclistas sem luz de alerta. Em 1999, 39% das mortes de ciclistas ocorreram entre seis da tarde e meia noite.

2.      Use roupas ou faixas refletivas em forma de colete.

Material refletivo de boa qualidade te faz ser muito mais visível à noite. Este tipo de colete custa muito pouco pelo bem que pode fazer a sua saúde. E escutando um carro vindo atrás, fique o mais vertical possível para aumentar o efeito do refletivo.

3.      Escolha ruas largas.

Quanto mais larga for à rua, mais fácil um carro pode escapar de você.

4.      Escolha ruas lentas.

Quanto mais lento o tráfego estiver, mais tempo todos tem de evitar um choque. Procure rotas pelos bairros e evite avenidas movimentadas.

5.      Nos finais de semana redobre a atenção.

O risco de trafegar nas noites de sexta e sábado é muito maior devido aos motoristas alcoolizados passeando pelas ruas. Nesses dias você deve realmente evitar ruas agitadas pelos baladeiros de plantão.Apareça com refletivos

6.      Arranje um espelho.

Repetir esse conselho parece bobagem, mas nunca é demais. Arranje um espelho, custa muito menos do que você imagina.

7.      Não grude no meio fio.

Dê mais espaço para que você possa fugir caso perceba um veiculo que vai passar perto demais.

 

Este texto pertence ao Bycicle Safe e é de autoria de Michael Bluejay. (o qual tem meus agradecimentos e pensamentos positivos diariamente:)

 

PedalinaSegunda

13 mar

Vocês não esqueceram que na segunda segunda-feira do mês tem pedal com as Pedalinas né?

 

 

Pedal noturno, outras cores, outros sabores, local de sempre: Praça d@ ciclista – 20h (mas a partir das 19h já tem Pedalinas chegando!)

Vá direto do trabalho, ou passe em casa antes, mas apareça!

Foto: Luddista

Na barra da sua calça…

12 mar

O título tinha o objetivo de fazer graça com aquela música já velhinha que fala da barra de uma saia, mas a verdade é que as meninas que usam a bicicleta no dia a dia enfrentam mais dificuldades com as barras das calças mais largas do que com barras de saia, já que as primeiras podem enroscar na corrente, sujar de graxa, enroscar no pedal.

Para quem não possui o cobre corrente e também não usa apenas leggings, saias e shorts mais curtos, uma alternativa é usar um prendedor de calça. Só que por aqui a bicicleta ainda é mais associada a esporte que ao uso diário e esse não é um acessório fácil de ser encontrado.

Pois a Andrea, do SuperZíper, também andou investindo na vida de ciclista e ensinou no seu blog como fazer um prendedor de calça a partir de uma câmara velha de bicicleta – podia ser mais adequado?

Clica aqui para ver a super dica. Eu estou a procura de uma câmara velha para chamar de minha e fazer o meu próprio prendedor.