Assédio nas Ruas

28 set

Foi ao fazer um outro post que cheguei ao assunto e à sua possível ligação com a pequena proporção de mulheres que utilizam a bicicleta como meio de transporte. Me deparei com a hipótese nesse blog, e agora, após fazer uma pequena pesquisa e organizar os pensamentos, volto a desenvolver o tema.

Pois então, a que me refiro quando falo em “assédio”? A resposta é bem ampla, e vai desde estupro até os mais “inocentes” assovios bem conhecidos por qualquer mulher que transita nas ruas desta e outras grandes cidades. Mas minha intenção agora é focar nessa segunda maneira de assédio, que me preocupa justo por ser tão comum, ter relativa aceitação social e por sua falsa aparência inofensiva.

Tais assédios expõem a mulher publicamente, independente de sua vontade, e a coloca numa situação constrangedora, quando não humilhante. O espaço individual é violado ao momento em que ocorre uma interação forçada. Alem do que, declara que  a pessoa abordada é um objeto a ser utilizado pelo outro. Trata-se de um objeto sexual, e nada mais.

Seguindo essa linha de pensamento, não fica difícil entender porquê o assédio nas ruas pode ser um dos motivos pelos quais há menos mulheres do que homens pedalando. Como pode alguém se apropriar tranquilamente de um espaço no qual não se sente à vontade, onde há o risco de ser constrangida a quase qualquer momento? Sobre a bicicleta isso parece mais difícil ainda, já que ciclistas destacam-se visualmente. Alem, é claro, de chamar atenção pela  imagem “excêntrica”: a mulher pedalando se mostra forte e corajosa ao encarar certas avenidas movimentadas, atitude não muito esperada do tal “sexo frágil”. Parece papo de décadas atrás, mas, acreditem, esse valor ainda está vigorando fortemente hoje em dia.

A mulher sair de casa sozinha e ir trabalhar já não é novidade; entretanto, quando pisa a rua, comumente é tratada de maneira hostil, como não pertencente ao espaço público –  “se o faz, é por sua conta e risco”, como citado nesse artigo –  ainda relegada ao espaço privado, à proteção do lar ou mesmo do local de trabalho, mas não à rua.

A esfera privada – seja a casa ou o carro – oferece uma (questionável) sensação de privacidade e segurança que não se tem no ônibus, na calçada, nem sobre a bike. E isso tudo é somado à vigente carrocracia, opressora a qualquer ser não motorizado. É de se esperar que alguem queira alienar-se de um mundo que lhe parece hostil.

(acima, video da campanha Stop Street Harassment)

O medo tambem é um fator de peso nessa história toda. Dependendo da abordagem, algumas mulheres podem se sentir ameaçadas. A propósito, uma pesquisa mostra que é comum estupradores provocarem verbalmente uma vítima potencial para avaliar se ela reagiria a um ataque físico. Seria exagero dizer que um mero “ê, lá em casa” pode soar como uma ameaça para uma pessoa que a maior parte dos dias é publicamente afirmada como objeto sexual? Por mais clara que seja a não-intenção de que a ameaça seja efetivada, uma “brincadeira” dessas não é brincadeira.

Tá. Diante disso, o que fazer?

Podemos começar pela conversa com amigos homens. Muitas vezes pessoas queridas têm dificuldade em se colocar no lugar dos outros, não sabem o quanto algumas atitudes são violentas e prejudiciais. E cabe a nós ajudá-los a entender. Contar como se sente, mostrar que isso não é bacana…

Para o momento do assédio, há uma série de dicas aqui. Eu geralmente respondo, diferentemente da maioria das mulheres, que prefere apenas ignorar. Por um lado, entendo que essa é uma postura conivente com a violência; por outro, às vezes é melhor se preservar, e desenvolver um trabalho emocional para se deixar atingir o mínimo possível, já que não há como criar uma barreira absoluta que não seja sair da rua. Mas sair da rua não é uma possibilidade, nem um desejo, nem seria uma solução.

reação de algumas mulheres - "aqui pra voces, ó"

Não vou me inibir em ir para onde e como quero. Deixar de sentir os espaços, ver os detalhes, ter acesso à cidade sem precisar de motor nem dinheiro está fora de cogitação. Esconder não vai ajudar em nada, pelo contrário. Aliás,  sabe aquele papo de “não pedalar pelo canto da rua, e sim próximo ao centro da faixa”? Pois é, isso é se impor, é tomar o espaço que é seu! Essa postura é importantíssima para uma mulher que pedale ou mesmo caminhe pela cidade. É não se deixar inibir; é dizer, com o corpo, “Estou aqui e não vou me desviar tão fácil”. A rua é nossa!

74 Respostas to “Assédio nas Ruas”

  1. Lucas Jerzy Portela 28/09/2010 às 9:27 AM #

    bobagem.

    eu sou homem, e ouço de fiufiu e gostoso a “vai, viadinho” (por causa da Dahon Curve).

    e faço fiufiu pros rapazes (as vezes pra moças. Estas geralmente quando estão dentro de automoveis. Digo assim: “Mas tão gata, e dentro de um carro…?!” A maioria faz cara de “me erre”, mas não conseguem disfarçar que gostam).

  2. Aline Cavalcante 28/09/2010 às 10:43 AM #

    nao acho bobagem, lucas. a violencia contra mulheres está nos pequenos atos, falas e pensamentos! claro que gentileza e educação existem.. mas certas palavras deixam as mulheres envergonhadas sim, se sentindo um simples pedaço de carne..

    tenho medo de alguns discursos que começam com “liberdade de escolha” e terminam com “foi estuprada?? tambem.. com uma saia daquela…”

  3. Júlio Zammer 28/09/2010 às 11:52 AM #

    Eu tive cabelo comprido por um bom tempo e a experiência que trago disso é que os motoristas respeitavam mais as medidas de segurança por que, ao ver o cabelo comprido, pensavam ser mulher pedalando.

    Hoje que tenho cabelo curto, os “finos” aumentaram exponencialmente.

  4. Lucas Jerzy Portela 28/09/2010 às 12:03 PM #

    acho que não me fiz entender, Aline.

    O que há de violento em dizer para uma moça: “Tá linda, mas sem carro ficava muito melhor…”?! Nada.

    eu gosto de ouvir fiufiu e “gostoso!”, tanto quanto de ouvir “sai pra la, viadinho”.

    E os rapazes que ouvem eu assoviar pra eles deveriam tambem, por isso, se sentir ofendidos? Nao estariam eles, assim, agindo de modo criminosamente homófobo?

  5. Carina 28/09/2010 às 12:19 PM #

    Hoje eu indo de bike pro trabalho, do outro lado dois operários de obra ( sem discriminação, claro…mas esses, sempre são os piores ) escuto assobios..aff..ngm merece de manhã…(seria melhor receber um elogio do tipo ” olha que legal a mina de bike ”)
    na verdade eu não ligo muito, ligo mais pros caras que falam ”vai pra calçada” ahhh dai sai a palavrinha mágica e gentil..vai toma $%#!@#%$%#
    Mas tenho colegas que não saem sozinhas de bike, pq tem receio dessas pessoas desrepeitosas.

  6. Durval 28/09/2010 às 12:39 PM #

    Espero que você não esteja se queixando de assovios e coisas assim, como dá a entender no segundo parágrafo (“minha intenção agora é focar nessa segunda maneira de assédio”).
    É claro que há assédios agressivos e estes são indefensáveis.
    Mas afirmar que “o espaço individual é violado ao momento em que ocorre uma interação forçada” é um pouco de exagero, não acha?
    Num espaço ‘público’, como o próprio nome já diz, essas interações são naturais e inevitáveis; não se pode falar em violação. E você, como ciclista, sabe que o barato do espaço público é justamente isso.
    Todo mundo tem que saber ser civilizado nas suas interações, não só com ciclistas, e não só com mulheres.

    • Lara. 25/04/2013 às 12:42 PM #

      tem de reclamar sim… quem dá o direito a você de decidir se um “assovio” é inofensivo ou não?

      quer assoviar? vá assoviar em frente ao espelho.

      Todo a sorte de assédio é uma merda e eu acho que já passou da hora disso se tonar crime. Seria fantástico levar esses folgado preso em flagrante…

      Quem sabe na cadeia vcs aprendam a desgostar de assovios “‘inofensivos”.

      • Julio 25/07/2013 às 3:40 AM #

        Eu queria saber do ponto que liga a seguinte situação: Hoje começa o LingerieDay, sim mulheres mandam suas fotos na internet de calcinha e sutiã, algumas mostram os seios o rosto e por ai vai. Penso eu, ela se colocando nessa situação me dá a liberdade de acessar e ver o que eu bem entender e ainda mais fazer os seguintes comentários, “nossa que gata, que delicia” etc…(coisas de homem). Logo, essa liberdade em momento algum foi retirada ou ela tem data de validade (mostre a clausula)? pois bem, se eu ver uma dessas meninas na rua, é obvio que vou mexer, a testosterona está a mil e alias eu ja vi aquele corpinho semi-nú. Agora, presta atenção, onde foi o respeito dessas moças que reclamam de um simples assovio mas na internet estão lai mostrando o que querem. Acredito que exista um ponto muito contraditório entre assédio, respeito geral e LingerieDay.

  7. Aline Cavalcante 28/09/2010 às 12:48 PM #

    por isso que as pedalinas existem.. muita coisa (eu disse MUITA) que as mulheres passam nas ruas so podem ser entendidas por outras mulheres, nao adianta! por mais que os meninos sejam legais eh impossivel conseguir passar exatamente pelo que passamos. incluindo nisso todo o historico de repressao e submissao e seu reflexo nos dias de hoje..
    importante discussao

  8. Gaiba 28/09/2010 às 1:06 PM #

    Não costumo comentar, mas esse assunto é realmente problemático e me deixa um tanto quanto revoltada. É um alívio (e é triste ao mesmo tempo) ler o comentário da Aline Cavalcante e constatar que, definitivamente, apenas mulheres entendem o constrangimento dessas situações.

    Acho um absurdo as pessoas (aqui nos comentários, principalmente os homens) considerarem “normal” o fato de uma mulher ser abordada na rua –seja por assobios, seja de forma rude, seja por elogios mais “elaborados”. Confesso que isso às vezes me tira a vontade de pedalar sozinha, ou me desmotiva. Saber que um homem se sente no direto de me perturbar porque sou mulher é uma coisa que me tira do sério. Pra piorar, venho aqui e vejo que homens aparentemente esclarecidos são coniventes com essa prática.

    É um saco isso.

  9. Willian Cruz 28/09/2010 às 1:50 PM #

    Entendo (na medida do possível sendo homem) o quanto as abordagens podem ser constrangedoras, principalmente se forem grosseiras, agressivas ou com tom de escárnio. Mas qual o limite entre uma paquera e um abuso? Um “oi” com um sorriso é um abuso? Um psiu pra ver se a moça olha é um abuso? Acho que tudo depende da intenção. Mas, por outro lado, como saber qual a intenção de quem está fazendo isso?

    Na cultura masculina, paquerar e abordar as moças é quase uma obrigação social, principalmente na adolescência. Principalmente porque elas não farão o contrário (pelo menos não faziam na minha época). Cabia sempre ao homem o primeiro movimento no jogo da sedução. E isso é especialmente cruel com quem, como eu, era tímido demais para fazer isso. Me sentia invadindo o espaço alheio, sendo inconveniente, e tinha receio da rejeição. E ainda me sentiria assim, se não estivesse bem casado e precisasse fazer isso hoje em dia, aos 37 anos.

    Se eu lesse um texto desses naquela época, aí é que nunca mais tentaria paquerar ninguém mesmo. Porque depois de ler o que li aqui e de ver o vídeo (que diz “você pergunta meu nome, como se isso importasse, porque um corpo não precisa de um nome”), me sentiria muito mal em tentar uma aproximação com uma menina desconhecida. Fiquei com a impressão de que um homem só pode tentar contato com alguém que ele já conhece. Puxar assunto na fila do mercado seria quase um crime.

    Me ajudem a entender onde fica a linha que delimita um flerte de um abuso. Não estou criticando, não estou ironizando. Só quero entender melhor, porque pra mim ficou parecendo que se um homem tentar conversar com uma mulher que não conhece, estará incomodando; que não é permitido ao rapaz puxar assunto com a moça bonita que ele vê passar na rua, porque isso pode estragar o dia dela. Tenho um filho para educar no caminho certo e, ao mesmo tempo que não quero que ele seja um incômodo para as mulheres, também não desejo que ele se encapsule em si mesmo sem tentar um contato (por vezes esperado) com o sexo oposto.

    • Drielle 28/09/2010 às 8:41 PM #

      Willian,

      Algumas meninas já comentaram, mas no fundo acho que a resposta está na sua pergunta: você sabe a diferença entre conversar e ofender, e é isso que a gente espera. De resto, se a conversa vai ser boa, se a menina vai gostar da abordagem ou não são outros pontos, subjetivos e circunstanciais.

      O que importa é que é completamente diferente tentar um contato, iniciar uma conversa, e ofender, mexer com alguém. São atitudes movidas por intenções distintas.

      Quando você quer estabelecer um contato, se aproximar, você sabe muito bem que tom usar, ou, no mínimo, que tom não usar. Onde ainda há bom senso, ninguém espera abordar uma mulher na fila do pão com um “e ai, delícia” e sair com um número de telefone.

      Agora, quem mexe com uma mulher na rua não quer estabelecer um contato, quer provocar, quer se auto-afirmar (?), quer fazer algo que acha que é engraçado (?!). É necessário que se perceba a agressão e a ofensa que movem esse tipo de postura. Pois seria preciso confiar muito na ingenuidade humana para acreditar que alguém que fale um “gostosa, me dá uma carona nesse selim” ou mesmo um “linda” com aquele tom “sensual” esteja tentando chamar pra um chopp.

      De resto, confio que você vai saber deixar bem clara essa diferença pro seu filho, ele é um menino de sorte 😉

    • Lara. 25/04/2013 às 12:44 PM #

      pergunta ae pras mulheres da sua vida se elas gostam disso… Pergunta ae pra mãe do seu filho se ela quer ser abordada por um “flertista” na rua…

  10. Joana 28/09/2010 às 2:01 PM #

    Deu mesmo um certo alívio de saber que outyras mulheres tb se sentem assim mas, ao mesmo tempo tristeza de ver que até os homens daqui ainda levam esse assunto na brincadeirinha, como uma coisa boba.

    Durval, quando ela fala que “o espaço individual é violado ao momento em que ocorre uma interação forçada”, ela não está exagerando e, como os homens não passam por isso com a frequência que nós passamos, acabam não entendendo o constrangimento da situação. Olhar e admirar é uma coisa, agora se eu atravesso a rua pra ir à padaria e tenho q ouvir comentários grosseiros, incomoda e não é elogio. Comparando, grosseiramente, é como se toda vez q vc colocasse o pé pra fora de casa, vc ouvisse do vizinho um “viado” ou “filho-da-p…” ou qquer coisa do gênero. A repetição é tanta que uma hora vc se sente incomodado, inavadido, como se não tivesse o direito de estar ali. Felizmente, percebo que aos poucos muitos homens estão mudando a mentalidade e percebendo a mulher não só como um objeto mas como um ser completo… mente, corpo, enfim, como todos nós seres humanos somos. Toda vez q eu saio na rua e alguém me fala uma grosseria, eu me sinto um pedaço de carne pendurado num açougue (sic)… tem homem que acha q a gte sai na rua pra se mostrar, pra se exibir… acha q se eu coloco uma roupa tal, por exemplo, é sempre pra mostrar pros outros e não pelo conforto que ela me proporciona ou pelo meu próprio gosto…

    Enfim, não quero ofender ninguém aqui, só estou expondo como me sinto.. como acho que isso tudo é um reflexo do machismo muuuito arraigado aqui no Brasil e em outros países de cultura latina tb. Como no post, o pior é se defender dessas coisas pequeninas que, por estarem nas entrelinhas e geramente disfarçadas em piadinhas e em “jeitinhos brasileiros” não são levadas a sério e seus estragos são minimizados.

    Não quero ficar dando uma de chatona feminista e radical mas qdo eu vejo um homem bonito na rua eu apenas olho, admiro… Imagine se eu ficasse gritando PINTO GRANDE em voz alta! kkkk Grosseiro, né? Imagine isso tdo santo dia!

  11. Joana 28/09/2010 às 2:18 PM #

    Oi Willian,

    Achei legal teu coméntário, teu ponto de vista e, por eles, vc realmente não parece alguém q falaria uma grosseria a uma mulher no meio da rua. kkk

    Na minha humilde opinião (hehe) acho que as diferenças entre homens e mulheres são mto menores do que pensamos. No fundo, somos todos seres humanos que queremos ser amados, aceitos e respeitados.

    Portanto, não existem regras.. pra paquerar se faz assim ou assado.. existe bom-senso apenas. Em termos práticos, digamos que eu não me sinto nem um pouco ofendida qdo estou pedalando ou andando por aí e algum cara sorri pra mim ou até pergunta qquer coisa técnica sobre bicicleta. Se a pessoa for simpática, é até legal, dá pra engatar uma conversa… Agooora, qdo eu ouço “gostosa”, “bunduda”, “vem sentar aqui no meu…” enfim, esse tipo de coisa (q os caras falam entre risadinhas) são ofensivos. Não tem mto a ver com ser homem ou mulher, tem a ver com respeito pelo próximo.

    Se vc ficar na dúvida qdo for abordar alguma, talvez pensar em sua mãe ou irmã passando pela mesma situação, ajude kkkk

  12. Phil Steffen 28/09/2010 às 2:21 PM #

    Quero parabenizar ao excelente assunto aqui abordado, acho que vocês deveriam falar mais sobre “mulher sexo não frágil”.

    Antes de qualquer coisa precisamos analisar o motivo dos homens passarem estas cantadas toscas (que sinceramente me deixam com vergonha alheia). Exatamente como foi falado é muito raro ver uma mulher que está disposta a encarar as dificuldades, provando ser tão forte quanto nós.

    Nós homens somos ogros por natureza… peidamos, arrotamos, falamos palavrão, não estamos nem ai para “estilo” etc. E muitos ao invés de se dirigir a uma mulher como cavalheiros: “Meus parabéns, como você é corajosa, devo dizer mais, além de corajosa é muito bonita, Etc etc etc.” Simplesmente falam a linguagem de ogros: “ÊTÁ BICHO BÂO!!!!”

    Porém existem mulheres que gostam destes “cortejos” e respondem de maneira positiva a eles o que acaba incentivando ainda mais estas reações.

    Quando sou abordado no trânsito de maneira agressiva (buzinadas, vai pra calçada etc) faço exatamente o contrario que esperam… Ao invés de mandar tomar naquele saudoso lugar eu dou tchau com cara de alegre ou mando beijo ou algo do tipo…

    Acredito que seja a melhor forma para se responder a estas invasões de espaço. Com bom humor. Pois muitas vezes estas ofensas são feitas exatamente para isso, para nos deixar (homens e mulheres) fragilizados.

    Nosso trabalho então é mostrar exatamente o contrário que nada nos abala que os fragilizados são eles por não saberem se comportar como pessoas dignas.

    Chega falei demais… E parabéns (novamente) pelo ótimo post

  13. dianadepedal 28/09/2010 às 2:25 PM #

    william, obrigada pelo seu comentário.
    no caso, não se trata de paquerar. até pq, na maioria das vezes, o cara não espera mesmo uma resposta, não espera conseguir nada… puxar conversa é normal, é esperado, é ok. falar “oi , minha linda” quando cruza com alguem na calçada é grosseiro. trocar olhares, flertar, pra sacar se rola uma proximação, é ok. mas olhar e secar, de cima a baixo, sem descrição alguma e com enfase em algumas partes, enqto a mulher firmemente desvia o olhar para demonstrar seu desinteresse… é constrangedor!

    mas há casos em que pode ficar mais difícil diferenciar mesmo, como o “oi”. aí a diferença é mais sutil, vai muito do contexto. mas te garanto que há ‘ois’ que são invasivos, constragedores, isso há.
    é a tal da ‘interação forçada’, a mulher olha fixamente para o infinito ao se aproximar de um homem na calçada, e ele, percebendo isso, impõe um grande ‘OI’, ou mesmo cochichado, com voz pretensamente sensual, sabendo q não haverá resposta. e o fato de não haver resposta, parece até q essa é a graça. tipo “consegui a atenção dela mesmo contra a vontade dela”.

    bom, entendo q para vcs deve ser meio confuso mesmo, muito obrigada pela sua questão.

  14. Joana 28/09/2010 às 2:27 PM #

    P.S. Meninas, adorei o post. Na verdade, acho que esse é um dos maiores motivos que impedem as mulheres de pedalar (e até homens se considerarmos o qto incomodam os comentários alheios, independente da natureza deles). Não são só subidas ou falta de ciclovias…

  15. Camila Oliveira 28/09/2010 às 2:27 PM #

    Não é bobagem nem exagero. Isso é um assunto sério e com certeza acaba fazendo muitas mulheres deixarem de pedalar, já que a bicicleta é um veículo que facilita a interação, dependemos ainda mais do bom senso dos outros..

    É maravilhoso estar exposta à tudo ao redor, perceber as pessoas, ouvir o que elas dizem, desde que não sejam olhares sem respeito e palavras agressivas. A gente quer ouvir um bom dia sincero, um desculpe por um esbarrão, um obrigada por dar passagem à alguém e não um assovio, um “linda”, acreditem meninos, as mulheres não gostam disso, vocês acham que elas tentam disfarçar que gostaram mas não conseguem, só que na verdade elas se sentem invadidas e envergonhadas e vocês não percebem isso porque estão acostumados e acham natural. Acho que pra refletir sobre isso vale pensar na situação e colocar sua mãe, filha, esposa, enfim, uma mulher que faz parte diretamente da sua vida, coloque-a nesta situação e pense se é legal. Sua filha tá lá dentro do carro com os pensamentos dela, aí vem um homem que ela não conhece, a chama de linda do nada e ainda critica a opção dela de transporte. Poxa, não tem nada de bacana nisso, é agressivo, repense.. Quer elogiar? Chegue perto e fale um bom dia, pergunte as horas ou comente, sei lá, o trânsito pra puxar assunto, se ela demonstrar interesse em conversar, responder com mais do que monossílabos, aí você conversa, você fala da bicicleta enfim, aí é um diálogo.

    Muitos dizem “qual a mulher que não gosta de ser chamada de linda”? Poxa, eu gosto desde que isso venha de uma pessoa querida, um(a) amigo(a), um parente, enfim, que exista um contexto, que seja respeitoso! Linda voando ao vento definitivamente não é elogio..

    Repensem! Se algumas mulheres estão se manifestando aqui não é à toa!

    Abraços!
    PS: adoro esses textos/reflexões da Diana!

    • Kelly 28/09/2010 às 3:23 PM #

      Gostei muito desse post da Diana, pois é um assunto sobre o qual reflito sempre.

      Antes, ao ouvir qualquer coisa – desde risadinhas até supostos elogios fantasiados de estupro verbal – eu fazia como muitas mulheres fazem: ignorava, pra me preservar. Num momento posterior, comecei a responder muito grosseiramente, tipo “vai tomar naquele lugar!”. Hoje, apenas peço mais respeito, em voz alta e de cara fechada. Ok, às vezes mostro o dedo do meio se estou com pressa.

      No início do ano, eu fazia aulas particulares de francês em Pinheiros e, todas as segundas-feiras, passava numa esquina em que havia dois restaurantes com manobristas. Em grupo, as pessoas caem no anonimato, pois os rostos se misturam e geralmente ficamos mais corajosos, justamente por essa ilusão de perda de identidade e responsabilidade. Eu odiava aquela situação de ficar ouvindo “linda”, “gostosa” ou balbucios ininteligíveis, mas me recusava a desviar meu caminho, uma quadra que fosse, por causa desses caras.

      Um dia, soltei um “pô, mais respeito, por favor!”, depois de ouvir “gracinhas” dos manobristas. Alguns minutos depois, enquanto caminhava para a casa da minha professora, ouço um carro cantando pneu e gritando muito alto: “O que foi, hein?! Não gostou da brincadeira?” Mais tarde, fui fazer uma queixa em ambos os restaurantes, pois não sabia quem era o manobrista em questão. Apesar de ambos as gerentes (mulheres!) terem me atendido muito bem, tentaram me convencer que o funcionário não era do respectivo restaurante, mas provavelmente o do vizinho. Uma das mulheres teve coragem de me dizer: “só temos um manbrista, e não acho que tenha sido ele que fez isso, porque ele é casado”.

      Ainda não sei bem que postura adotar na rua frente a esses assédios. Mas a resposta bem-humorada não é pra mim. No último passeio que teve com as Pedalinas (que foi meu primeiro passeio de bike na rua), um cara, num carro, começou a mexer comigo e com as meninas que estavam perto de mim num farol fechado. Não sei se elas não notaram ou se ignoraram, não importa. Mas eu reagi e mostrei o dedo! Segundos depois, ele estava atrás de nós, acelerando o carro, muito puto, “ameaçando” a gente e fingindo que era porque estava com pressa e queria entrar à direita. Me arrependi de ter feito o que fiz, porque não estava sozinha e, de certo modo, prejudiquei o grupo.

      Assim, para os caras que não sabem como agir, eu tenho a seguinte sugestão, que tem muito a ver com algo que a Diana identificou bem: não digam nada se não querem nada. Assim, um elogio solto no espaço tem mais chances de incomodar do que de lisonjear. Se quiser puxar um papo na fila do banco, só se torna assédio se a mulher em questão não der nenhum bola e ficar evidente que você a está incomodando. Portanto, o bom e velho “semancol” continua, a meu ver, sendo a melhor medida…

  16. Camila Oliveira 28/09/2010 às 2:50 PM #

    Ah, e que bacana que vários homens estão colocando seus pontos de vista, debatendo as ideias, com certeza nos agrega muito:)

  17. Aline Cavalcante 28/09/2010 às 2:54 PM #

    willian,
    pessoas sensiveis, humanas e respeitadoras sabem o limite! sentem! o corpo fala, os gestos, os olhos, as reacoes!
    o problema eh quando ate amigos nossos tiram essas brincadeirinhas com a gente (ou com meninas nas ruas, inclusive nas bicicletadas) ai sim o bicho pega…
    pq sabemos que os meninos sao incriveis, gente boa e tal
    mas como dizer pra eles que certas brincadeiras NAO SAO LEGAIS????? como mostrar que aquele tipo de elogio ou colocacao deixa a menina completamente constrangida e sem graca???
    eu nao to falando de flertar, paquerar…
    como eu disse no comeco..
    pessoas sensiveis sabem o limite, sabem quando podem estar sendo invasivos e escrotos!!!
    existem tb outro limite nessa historia
    tem mulheres que aceitam e gostam
    outras nao toleram
    eu, por exemplo, sou bem maleavel e recebo bem elogios… pra eu mandar um dedao pra alguem, pode ter certeza que ele foi escrotissimo!!!
    acho que cabe aos meninos, prestarem mais atencao em qual a intencao dos seus atos.. se eh simplesmente apreciar, elogiar ou pagar de cuzao, de ser superior, de cafetao, etc..
    nao sei se me fiz entendida!
    otima reflexao genteeemmm

  18. Lucas Jerzy Portela 28/09/2010 às 3:50 PM #

    Joana argumenta que seria estranho uma mulher gritar na rua “Pau grande!”.

    Bom, tanto em Salvador quanto no Rio de Janeiro as moças me olham e dizem “gostoso” (e a outros rapazes tambem), e eu nao me queixo.

    E olhe que eu nem gosto muito de mulher…

    e repito: quando passo por rapazes sem camisa na rua, eu digo alto e bom som “Ave maria, meu deus! oh, la em casa”.

    Ouço de volta um “sai pra lá, sua bicha”. Mas não ligo.

    (é que na verdade eu sou hetero que gosta de homens. Ajo, com estes, igualzinho aos rapazes com as moças).

  19. Lucas Jerzy Portela 28/09/2010 às 3:57 PM #

    velho, talvez por eu ser baiano não ligue.

    Tipo, na Festa de São Bartolomeu, em Maragogipe, nego fica dando dedada (metendo dedo entre as nadegas) de desconhecidos atrás das troças.

    Tipo, velhinhas de 70 anos de idade metem dedo no seu toba; homem, mulher, criança. Ninguém tá nem aí!

    Essa é uma das provas de que Sergipe não é Bahia. Sergipe é nordeste; Bahia é entre-lugar: terceira região, terceiro sexo, terceiro império…

  20. Aline Cavalcante 28/09/2010 às 4:07 PM #

    lucas..
    vc me deixou confusa, serio

  21. marina chevrand 28/09/2010 às 4:09 PM #

    taí algo que realmente me incomoda.
    ainda não descobri a melhor forma de reagir. os “psiu”, consigo ignorar numa boa.
    Mas já passei por situações como estar descendo uma rua sem transito e um carro com 3 imbecis comecar a andar na minha velocidade, bem perto, soltando uns “elogios incriveis que sempre quis ouvir”. (em bando eles são mais ogros)
    Se mando os fdp tomarem naquele lugar, eles sentem como um tapa na cara vexamoso na frente dos amigos e a reação pode ser perigosa. Se ignoro, a sensação de humilhação é maior e temo cultivar uma úlcera ou explodir com quem não tem nada a ver com a história.
    Morei na inglaterra por mais de 2 anos, e as poucas cantadas que tomei respondi com um “vai %$#$%#@!$”, em bom portugues. Adivinhem: TODOS entenderam.
    Isso é realmente cultural, e acho desprezivel esse comportamento dos brasileiros.

  22. Lucas Jerzy Portela 28/09/2010 às 4:11 PM #

    Qual foi minha parte (la ele) que te confundiu?

    (você é quase bahiana, sabe o significado mistico e a função ritual do “la ele”, ne?)

  23. Joana 28/09/2010 às 4:24 PM #

    Ai Lucas… eu faço minhas as palavras da Aline… vc me deixou muuuuito confusa! Jesus, se um desconhecido enfiar o dedo nas minhas nádegas, aí sim é q eu vou me sentir MUUUITO invadida! kkkk

  24. Aline Cavalcante 28/09/2010 às 4:28 PM #

    acredito que existem duas coisas diferentes na sua argumentacao..

    1- vc compara as reacoes que as mulheres recebem com as que vc (hetero, homem, homo, que seja) recebe. isso eh perigoso visto que mesmo que sejam palavras e acoes parecidas elas nao carregam o peso socio-cultural que as mulheres (hetero ou homo) carregam, deu pra entendeR? sao anos e anos de humilhacao, diminuicao, submissao e violencia! isso, desculpe, homem NENHUM NUNCA vai saber.. por mais envolvido na causa! (isso se encaixa em outras realidades, como os travestis, transexuais, negros, etc) Usar uma canmisa 100% NEGRO eh valorizacao, usar uma 100% BRANCO eh racismo.. consegue enxergar isso ou nao??

    2- Conheco algumas festas-orgias que ocorrem na bahia (e em varios outros lugares, inclusive em sp). O carnaval de salvador eh um belo exemplo. Mas ainda assim, acho que nao se encaixa no que estamos tentando mostrar. Nesses ambientes as pessoas (homens, mulheres, criancas (?) e idosos) vao pre-dispostas a serem seduzidas, a viverem experiencias sexuais.. Admito que mesmo estando nesses lugares EU nao consigo achar normal levar (e dar) dedadas.. Acontece que em ambientes publicos, como nas ruas, quem pedala, caminha, dirige nem sempre esta disposto a ouvir piadinhas assim, entendeu?? Acho que cada macaco no seu galho…

    Ps.: nao sou quase baiana e nao sei o que significa essa expressao (apesar de conseguir imaginar)

  25. Joana 28/09/2010 às 4:33 PM #

    Imagine vc indo pro trabalho e levar uma dedada….

  26. Phil Steffen 28/09/2010 às 4:40 PM #

    bom eu já levei um tapa, violento(que até dava pra ver os dedos)… serve?!

  27. Daniel 28/09/2010 às 4:52 PM #

    Ia perguntar sobre essa linha que separa a aproximação da agressão, mas me lembrei que já acho um saco pessoas puxando papo do nada, imagina então um comentário soltado sem a menor conexão.

    Achei legal o conceito todo de situações onde é difícil nos colocarmos no lugar da outra pessoa. Me lembrou muito uma matéria que li (http://inquietudine.wordpress.com/2010/07/20/ir-a-padaria-e-um-ato-politico/).

    • Joana 29/09/2010 às 12:22 AM #

      Se vc disser q gostou, eu vou achar estranho….

  28. Gabriela Namie 28/09/2010 às 5:18 PM #

    Que bom que surgiu essa discussão aqui no blog… esse tipo de assédio incomoda e por não ser tão encancaradamente violento gera tantas divergências… eu realmente não sei como me comportar diante de situações como essas…
    Algumas meninas falaram sobre ignorar, outras sobre responder agressivamente, responder educadamente… enfim! Eu sempre procuro ignorar, mas nem sempre essa é minha real vontade
    Já aconteceu de um carro (com dois caras) passar correndo tirando uma fina da minha bike… os caras riam alto e gritavam coisas nada legais… ironicamente, o sinal fechou e eu alcancei os dois. Parei ao lado deles e falei “po, isso é desnecessário né amigo…” educadamente, tentando até ignorar tanta maldade… e os dois começaram a rir, falar besteira… no fim, acabei me estressando, brigando, me desgastando… por isso, procuro ignorar, mesmo quando não quero… não só pra me preservar, mas porque não se sabe que tipo de louco podemos encontrar…

  29. Jeanne Callegari 28/09/2010 às 5:25 PM #

    Nossa, esse tema é complicado mesmo. Às vezes é difícil mostrar até para os amigos mais gentis que não estamos nas ruas para embelezá-las, apenas. Por outro lado, tanto cuidado com isso acaba de certa forma “castrando” metaforicamente os caras. Como dá pra ver pelo texto angustiado do Willian, homens não-ogros ficam perdidos, achando que qualquer elogio ou gentileza pode ser ofensivo. Não é fácil definir esses pârametros.

    Agora, preciso fazer um contraponto: se por um lado existe essa desvantagem, existem vantagens. Mulheres são mais respeitadas no trânsito, tomam menos finas. Ao menos é o que dá pra deduzir dos relatos dos amigos, que toda semana têm motivo pra sair quebrando retrovisor, quando eu quase nunca passo por situações que dariam motivo para esse tipo de coisa. Sei lá, até pelas pessoas acharem que a gente é “quebrável” (outro estereótipo) acabam respeitando mais. Nesse caso o preconceito acaba atuando a favor.

  30. Karin 28/09/2010 às 7:22 PM #

    Essa discussão é muito importante mesmo. Acredito de verdade que muitas meninas não pedalem por este motivo. Eu nunca fui tão assediada na minha vida quanto agora que vou de bike pra lá e pra cá. Me lembro qdo comprei meu primeiro carro e a alegria de poder andar “escondida” entre aquela lataria e ouvir bem menos bizarrices do que qdo andava a pé. Logo depois comecei a me incomodar com os caminhoneiros, que viam mais do que simplesmente meu rosto e confesso que meu desejo passou a ser um carro com ar condicionado e vidros fumês, pra ficar protegida dos insultos diários, juro que não é demagogia, comprei um carro assim por causa disso, especialmente.
    Agora que ando de bike, comecei a me incomodar novamente com essas coisas, eu vou daqui na esquina e ouço dezenas de bobagens, é constrangedor, é agressivo, é cruel, te faz sentir exposta demais e fico com vontade de me refugiar no meu carro com vidros escuros.
    Eu sempre respondo, não consigo evitar, qdo vejo já mandei o dedão e não uma nem duas (como a Kelly já citou tbém) o cara passou a me perseguir após o repúdio. E também não foi uma nem duas que depois de mandar um gostosa ou coisa do tipo e vc exigir respeito, mostrar o dedo ou coisa assim, o agressor me chamar de puta, vagabunda ou coisas do tipo.
    Infelizmente os meninos não tem como saber como é sentir isso, a gente sabe porque passa por isso diariamente, o que é muito, mas muito triste, na minha opinião.

  31. lan 28/09/2010 às 8:01 PM #

    wooowww!!! Grande discussão! Estou adorando =D

    Bom, mesmo não chegando a uma receita de como agir e/ou reagir, até por ser algo muito subjetivo, variando com o tempo, espaço, pessoas, etc… vale pela reflexão q gera.

    O limiar entre o conveniente e o inconveniente é muito sutil, acho que ‘como se diz’ muitas vezes pesa mais do que ‘o que se diz’. Não é necessário nem abrir a boca pra ser inconveniente.
    Quem nunca passou pela situação de parar no farol, sentir um olhar insistente na sua direção, olhar pro lado, e ver um cara com ‘aquela’ expressão libidinosa no rosto? então… isso já incomoda muito.
    Homens são diferentes. Segundo argumentam, têm impulsos ‘naturais’ diferentes e blá blá… como lidar com essa diferença é difícil. Não importa se é ‘natural’ mesmo, ou foram ‘condicionados’ socialmente a agir assim… não sei, mas tomam como natural. Então, ok, tento minimizar meu desconforto, já q não posso evitar, se quer ficar excitado lá na calçada que fique, desde que não encoste em mim pq ‘acha’ que eu ‘quis’ causar isso… e, sim, tem homens que pensam que a menina sai de short/saia pra pedalar (ou fazer qq outra coisa) pra provocá-los… tsc tsc… é por causa do calor… rs

    Saber respeitar o espaço do outro é essencial.

  32. Luciano 28/09/2010 às 8:27 PM #

    O universo femino é por vezes de difícil entendimento dos homens. O que para nós pode parecer uma bobagem, para uma mulher pode ser uma violência. Exemplos existem aos montes, e um deles é o tema deste tópico. Poderia citar a violência que elas estão expostas nos ônibus também. Já ouvi diversos relatos.

    Este comportamento tem raízes antigas, ainda sofre influências da formação da sociedade brasileira, que tem características machistas, autoritárias e paternalistas. O resultado é homens achando normal soltarem bordões a esmo que variam do linda a gos..

    Acho que esta é uma boa discussão e uma ótima oportunidade dos homens poderem entender um pouquinho a mais do universo feminino. Parabéns a todas as pedalinas.

    • jessica 28/09/2010 às 9:20 PM #

      Acho que os homens deveriam nos explicar pq a necessidade de mexer com mulher na rua??
      Um sorriso, pode ser melhor correspondido do que ”adjetivo” a mulher.

  33. Lucas Jerzy Portela 29/09/2010 às 1:07 AM #

    Oh, Aline,

    carnaval, ou São Bartolomeu de Maragogipe, não inclui experiência sexual alguma.

    Inclui xibietagem. Que como sabemos desde Octavio Mangabeira, é uma categoria gnoseologica.

    o que eu digo não é apenas para as moças, mas para os paulistas em geral: menos cisudez, mais xibietagem. Aprendam algo com a Bahia…

    • aline 29/09/2010 às 11:47 AM #

      nossa
      xibi o que??
      kkkk
      #nothanks

    • dianadepedal 29/09/2010 às 3:28 PM #

      não sou cizuda, apenas exijo respeito. já viajei bastante pelo nordeste, inclusive sou decendente de bahianos. mas o q vi por lá é q é muito mais comum as mulheres terem pouquíssimo respeito próprio, como se seu maior valor estivesse na capacidade de seduzir e satisfazer homens. mas nao fiquei dizendo que ‘aprendessem algo com as paulistas’.

  34. Gabriela Damaceno 29/09/2010 às 11:23 AM #

    Opa, a discussão engatou de vez!!!!Fico feliz!!!
    Acho que os homens realmente acham que as meninas que usam uma saia ou shorts é para enfeitar a rua, e não pq está calor ou é mais confortável para pedalar. Já cheguei ao ponto de voltar pra casa pra colocar uma calça comprida e preferir morrer de calor do que passar pelo constrangimento causado por esses “elogios”.
    ´Gostaria de entender a razão dessas atitudes afinal eu nunca conheci nenhuma garota que ao ouvir um assobio ou um “elogio” do tipo gostosa que parou e iniciou um flerte com o autor do xaveco. Se não vai dar em nada pra que submeter outras pessoas a tais constrangimentos????
    Espero ter me feito entender….

    • Luciano 30/09/2010 às 8:10 PM #

      “Acho que os homens realmente acham que as meninas que usam uma saia ou shorts é para enfeitar a rua, e não pq está calor ou é mais confortável para pedalar. ”

      Eu não acho. Acho que se analisar a sociedade brasileira (como escrevi no meu post), encontrará algumas respostas, que podem até ajudar a entender a situação, mas de forma alguma irão justificá-la.

      Insisto. Esta é uma característica brasileira, infelizmente. Conheço diversos países e não vi nada parecido.

  35. Lucas Jerzy Portela 29/09/2010 às 3:38 PM #

    quando uma moça usa short curto é por causa do calor & pra embelezar a rua.

    uma coisa não exclui a outra.

    não há machismo no que digo.

    porque quando um rapaz sai sem camisa é por causa do calor & pra embelezar a rua (e tirar onda).

    o Rio de Janeiro que o diga…

  36. Gabriela Namie 29/09/2010 às 6:18 PM #

    Lucas, quando vc diz “& pra embelezar a rua”/”uma coisa não exclui a outra”, acho que vc quer dizer que não há problema algum em se preocupar com a beleza, e não só com a funcionalidade… sim, é verdade, mas há um porém aí…

    se a finalidade de uma determinada roupa inclui a beleza ou não, isso não deveria dar passe livre pra comentários desagradáveis… e isso é tão banal nem deveria gerar discussão… e tem outra… sentir-se bonito (pra maioria das pessoas) é algo pessoal… não é porque uma menina se arrumou que ela fez isso pro MUNDO. Nunca passa pela cabeça da maioria dos homens que ela está fazendo isso pra ela mesma…

    Enfim, se uma mulher usa shorts curto ou se um homem sai sem camisa, isso não significa necessariamente que eles estão pedindo um comentário no meio da rua… infelizmente, as pessoas ficam mais passíveis de ouvir besteira quando fazem isso… mas só porque acontece, nao quer dizer que é certo…

  37. Lucas Jerzy Portela 29/09/2010 às 6:28 PM #

    insisto: não me é desagradavel se uma moça ou rapaz me chama de “Gostoso!” na rua.

    como não me é desagradavel se me chamar de “Viadinho filho da puta”.

    eu apenas não ligo (só quando me interessa).

    • Gabi Kato 29/09/2010 às 10:25 PM #

      Bom, até aí, realmente pode haver homens e mulheres que se vestem para agradar só a si mesmos, para agradar ao mundo, para se fazer notar ou mesmo para receber elogios.

      Tem gente que pode achar legal receber elogios (ou que simplesmente gosta de ter o ego inflado com “cantadas” toscas), assim como tem gente que se ofende e se sente até agredido moralmente quando é abordado por estranhos.

      O importante a se notar é que se deve dar uma consideração maior justamente para as pessoas que se sentem desconfortáveis com esse tipo de situação. E, no caso das mulheres, ainda são a maioria as que se sentem desrespeitadas.

      Se parece difícil entender a diferença entre um “querida” dito por uma pessoa próxima com quem já tem certa intimidade e afeto, e um “querida” dito por um cara aleatório na rua, com um tom de voz debochado, pense na diferença entre um “neguinho” dito com carinho entre mãe e filho, e um “neguinho” dito por um estranho com um olhar de desdém.

      Sem ter que partir para discussões sobre politicamente correto, será que vai ser preciso criminalizar os “delícia”, “gostosa” ou “princesa” para fazer os outros perceberem que, dependendo do contexto, são palavras agressivas e que ofendem?

  38. Lucas Jerzy Portela 29/09/2010 às 11:44 PM #

    Gabi, eu sou bahiano.

    Lá no Curuzu, Liberdade, no Ilê Ayê negão gosta de ser chamado de negão.

    Bahia é uma terra em que preto é chamado de preto, e isso não é ofensa; viado é chamado de viado, e isso não é homofobia.

    no mais, acho essa discussão uma frescuragem da porra. A menina não gostou da cantada? Responde um sonoro “vai tomar no cu!”. Simples assim.

    Mulher é fragil porque se coloca em posição de sê-lo. Assim como a maioria dos dito homossexuais se sentem discriminados porque se colocam na posição de sê-lo. Pobre coitado do que vier me impedir de beijar quem eu quiser, onde eu quiser, quando eu quiser: vai sair com cara de idiota.

  39. Aline Cavalcante 30/09/2010 às 9:53 AM #

    alguem sabe desenhar ai??

  40. Beatriz 30/09/2010 às 10:00 AM #

    Hoje fui assediada por um motequeiro. Estava de bike, numa rampa, tive que subir e ele gritou duas vezes: Obrigada pela visão, gostosa” FIQUEI COM MUITA RAIVA. Que falta de respeito! Al;guém já passou por isso? O que acontece é fico na noia de levantar nas rampas. FIQUEI PUTA. Dai dá maior medo de mandar o cara ir a M*** vai la saber o que o cara vai fazer com vc. Tem que ficar muda e fingir que nao escutou. Tô revoltada!

    • Lucas Jerzy Portela 30/09/2010 às 4:28 PM #

      você poderia responder “Por nada, viadinho”.

    • Drielle 30/09/2010 às 11:09 PM #

      Oi, Beatriz,

      Já passei por situação similar: subindo a Teodoro numa sexta de noite, um carro com 4 babacas passou devagar do meu lado, enquanto o motorista lançava um “e ai, quer uma carona, gatinha”. Respondi com um seco “não”, e continuei concentrada na minha subida. Os três babacas começaram a rir da cara do motorista, que decidiu ir embora.

      Na hora também fiquei com muita raiva, mas achei melhor ficar na minha, pois estava sozinha, já era tarde, e a Teodoro pode ser uma “terra sem lei” em alguns horários.

      Não deixei de pegar a Teodoro por causa disso ou de escalar na bike quando preciso. A única coisa que fiz foi planejar um pouco mais os meus caminhos, preferindo vias alternativas em dias/horários de balada, quando tem muitos motoristas “engraçadinhos” e alcoolizados em certas regiões.

      Mas não desanime e não deixe de escalar na bike quando precisar: alguns comentários babacas não podem nos impedir de fazer aquilo que gostamos =)

      • Beatriz 01/10/2010 às 8:41 AM #

        Drielle, obrigada pelas palavras de incentivo. Sim, não é por isso que deixarei de andar de bike mas infelizmente vamos continuar tendo esse tipo de situação.Fico resvoltada e me sinto humiliada, principalmente por não poder fazer nada. Se morrassemos num pais em que o ciclista fosse ouvido, lutaria por uma politica pública que multasse ou fizesse qualquer coisa assim. Mas como esse não é o nosso mundo, encarnemos o Budha. Bjos

  41. phil 30/09/2010 às 10:06 AM #

    Como falei antes pelo menos você não levou um tapa violento na bunda como eu…

    • Beatriz 01/10/2010 às 8:42 AM #

      Nossa Phill! Que absurdo! E não deu para vc fazer nada? Bjs

  42. Cleide 30/09/2010 às 1:52 PM #

    don’t feed the trolls.

  43. diana 30/09/2010 às 3:35 PM #

    hahaha, tem razão, comentario de troll não merece atenção.

  44. alonso 02/11/2010 às 12:40 PM #

    infelizmente a atitude da maioria dos homens impede ou atrapalha outros que tentam expressar seus sentimentos com relação a beleza de uma mulher.
    Duvido que uma mulher não goste de receber um elogio.

    E o interessante e que mulheres relativamente bonitas reclamam de serem elogiadas nas ruas enquanto que mulheres relativamente feias se sentem mal por passarem desapersebidas.

    Culpa do mal caratismo de muitos homens.

  45. Chico Jablonski 09/02/2011 às 1:23 AM #

    Achei mal escrito. Em geral, continente ruim não embala conteúdo bom. Mas no que diz respeito ao conteúdo propriamente dito, mostra uma das primeiras falácias que o estudante de lógica aprende a distinguir: “post hoc ergo propter hoc”.

    • Dodô ciclista! 13/05/2011 às 3:37 PM #

      Porra me desculpem o palavrão mas ri d+ com as jistórias das dedadas, o Brasil é inusitado mesmo!KKK! Mas falando sério: Eu adoro o genêro feminino, a mulher é uma obra divina mesma, ela é questão de culto, e creio q o sinal de tantos séculos de machismo até hj é pq td homem reconhece o poder q a mulher tem. Eu sou noivo, tenho uma linda companheira e não me abalo se algum cara chamar minha mina de linda, princesa e tal. Agora se o maracutão a chama de gostosa, rabão, baixinha teuda, (ela tem 1,50 mts), aí é foda né? Mas qdo costumo dar um galanteio, (credo q brea hein?) Eu falo: nossa q gata charmosa, como vc é bonita. Teve uma mão q vi uma mina lindissima no shopping e não resisti, chamei ela educadante e disse se poderia falar uma verdade, no q ela respondeu q sim e eu falei: -Vc sabe o qtovc é linda, já tem consciência de tudo oq vc carrega de belo em vc? Ela falou q estava sem graça e eu respondi: Vc sem graça até parece, vc é graciosamente linda. Ela agradeceu o elogio e eu falei q não precisava agradecer, pois a blz dela era q nem a verdade absoluta. Qdo me virei p/ ir embora ela me chamou e me deu o telefone, saímos algumas vezes mas já nem a vejo mais!Acho q o mais importante é respeitar o espaço das pessoas sim, mas não precisa ser hostil com nínguém!

  46. subversiveopendiscourse 21/06/2011 às 8:32 PM #

    Acho que o ponto X disso tudo que algumas pessoas não estão entendendo é: quando você aborda qualquer pessoa com QUALQUER cantada/paquera que visa única e exclusivamente destacar atributos FÍSICOS, é o que mais agride (mas não só). Como foi falado, o problema não é um sorriso e perguntas sobre bikes/outras coisas para ABORDAR e daí estabelecer uma relação que vai depender da anuência de ambas as partes. Essas cantadas “inofensivas” não tem outro propósito senão objetificar sexualmente a mulher, reduzi-la unicamente a um corpo sexualizado.
    “ah mas as mulheres gostam” – é mesmo? vc pode falar por todas? vc tem certeza disso?
    “ah mas é inofensivo” – o que parece ser ‘inofensivo’ pra vc pode não ser para mim. somos pessoas diferentes com aceitações diferentes de atitudes diferentes. Não tente assumir que os mesmo valores que vc aceitou, são os mesmos que eu aceito.

  47. Alessandra 11/12/2012 às 12:12 AM #

    Tantas explicacoes pra algo que todos ja deviamos fazer que e respeitar! Ninguem tem que sair secando o corpo alheio do outro explicitamente, se ao menos fossem mais discretos, soaria num tom de respeito. Morei no Japao 14 anos, e nos unicos momentos que fui assediada os caras eram doentes, nao batiam bem da cabeca . Aqui no Brasil nao respeitam mesmo e eu odeio o assedio, as vezes dependendo como sinto da vontade vomitar em cima deles. Vc achar alguem bonita e olhar e permitido desde que com discricao, sem atacar feito um ogro como a maioria dos homens brasileiros fazem. Ta cara que e a cultura, quero ver mudar!!! O que e triste e repudiante pra minha personalidade.

  48. Samantha 21/03/2013 às 4:36 PM #

    QUANDO UM FILHO DA PUT* FICA MEXENDO COMIGO NA RUA DA VONTADE DE TER UMA BAZUCA E ATIRAR NA CARA DO DESGRAÇADO!!!! TEMOS QUE DESVIAR NOSSO CAMINHO, TEMOS QUE PASSAR CALOR, TEMOS QUE ANDAR FEIAS POR CAUSA DE GENTE SEM NOÇÃO QUE PARECE QUE NUNCA VIU UM BUNDA!!

    VÃO TOMAR NAQUELE LUGAR VCS HOMENS QUE FAZEM ISSO!! PASSA UM DIA NO NOSSO LUGAR PARA VER COMO É BOM!! IMBECIS!!

    • Julio 25/07/2013 às 3:50 AM #

      Me desculpe, mas foque em quem é motivo de seus problemas. Homens, no plural, está completamente equivocado, e pior são comentários assim, sem argumento, que fazem idiotas como você não ser levada a sério. Eu não me lembro de uma vez se quer ter mexido com uma mulher na rua. Sim, tenho duas irmãs, e sei bem como é, sei respeitar a privacidade e o espaço do outro, por isso, quando fala em homens, seja direta. Caso contrário, eu poderia julgar todas vocês por aquelas meninotas que estão nesse momento postando fotos semi-nuas na net no tal do LingerieDay e depois clamam por respeito. Respeito começa com você, por você, pelo seu corpo, depois passe a responsabilidade para os outros. Já pensou eu andando com meu pênis ereto dentro da calça, sim, é direito meu, não acha? e eu exijo que mulher alguma comente desprezando ou elogiando. Meu corpo, minhas regras, seja homem ou mulher.

      • Julio 25/07/2013 às 3:53 AM #

        Só para esclarecer, sou a favor do respeito mutuo entre os sexos. Mas isso não se aplica a todos as mulheres nem a todos os homens. Como disse anteriormente, respeite a sociedade em que vive as pessoas ao redor e exclusivamente a você mesma (o). E assim continua a luta por aqueles que clamam por respeito.

  49. Julio 25/07/2013 às 4:02 AM #

    Mostrar o pênis avantajado na calça em público é um direito,
    O cume da moral e da beleza,
    Ao qual ninguém pode negar respeito.

    Sou o novo paradigma, pois tarado
    É quem sente conforme a natureza
    Em vez de ceder tudo à moda e ao Estado.

  50. alexdinhohdd 15/08/2016 às 9:14 PM #

    A policia acha que andar de bike de noite é bandido roubando. Toda vez que saio de casa, eu sou abordado por policiais corruptos. Entao AGORA cada vez que eu for parado por policiais bandidos, e receber ameaças e situações caluniosas e difamatorias, eu passo trote contra o poder publico. SAMU Bombeiros etc. Trote orabolas. VSF Dilma.

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